Título: Com 20 mil trabalhadores, Jirau transferiu apenas 200 títulos
Autor: Goulart , Josette
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2010, Especial, p. A14

O número de eleitores no Estado de Rondônia desde a eleição de 2006 cresceu 9,4%. Apesar de ser um número significativo ele é apenas um ponto percentual e meio maior do que o crescimento da média nacional de eleitores e nem se compara ao número do Acre, que cresceu quase 15%. Isso mostra que mesmo com a chegada estimada de mais de 150 mil pessoas à cidade de Porto Velho em função das megausinas do rio Madeira, o cenário eleitoral pouco mudou. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia, foi feito um mutirão na usina de Jirau, que tem cerca de 20 mil trabalhadores, e resultou em apenas 200 títulos transferidos.

O resultado é que as eleições serão marcadas por antigos nomes da política em Rondônia, nenhum novo político tem se destacado. O que tem sido reforçada nessas eleições por praticamente todos os candidatos, entretanto, é a necessidade de parceria com o governo federal e também com as próprias prefeituras. Alguns até se mostram despreocupados com o pós-usinas como é o caso do candidato Confúcio Moura, do PMDB. "Vão entregar a chave e o povo não vai nem sentir", diz o candidato, confiante que outras grandes civis dentro do Programa de Aceleração do Crescimento 2 cheguem ao Estado. Confúcio e Eduardo Valverde, do PT, usam a candidata Dilma Roussef em suas propagandas.

Valverde lidera as pesquisas na capital Porto Velho, de acordo com alguns cientistas políticos pela proximidade com Roberto Sobrinho (PT), que é prefeito da cidade. Mas a capital representa apenas 25% do eleitorado. Valverde tem apenas 7% das intenções de voto em todo o Estado. Já Confúcio tem 22% e está bem colocado e tem esperança de receber votos que iriam para Expedito Junior, do PSDB. O candidato não teve sua candidatura registrada por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em função da Lei de Ficha Limpa. O candidato, entretanto, vai recorrer ao STF e tem a missão agora de tentar convencer os eleitores de que seus votos não serão desconsiderados. Expedito chegou a ser líder nas pesquisas e perdeu alguns pontos pela indefinição das pesquisas.

O candidato do PSDB vai ter que enfrentar a concorrência de José Aparecido Cahulla (PPS). O atual governador tem o apoio de Ivo Cassol, ex-governador que também chegou a ter problemas com ficha suja, mas foi autorizado pelo TSE a concorrer ao Senado. Cassol e Expedito já foram aliados e se enfrentam diretamente. Cassol é líder nas pesquisas de intenção de voto a Senador ao lado de Valdir Raupp, outro nome conhecido da política rondoniense e também nacional. O candidato do PMDB ao Senado é um dos poucos que usa como bandeira a instalação das usinas no Estado. Ele é o segundo melhor colocado e deixa para trás Fátima Cleide, do PT, que foi a grande surpresa das eleições passadas. "Ela se beneficiou da onda vermelha da época", diz o economista Silvio Persivo, da Universidade de Rondônia. Um correligionário da campanha de Confúcio, que está entre os primeiros, lembra: "Na última eleição meu candidato estava em quarto lugar nas pesquisas e ganhou". (JG)