Título: Serra perde para Dilma votos que já foram de Alckmin
Autor: Goulart , Josette
Fonte: Valor Econômico, 28/09/2010, Especial, p. A14
Rondônia foi um dos poucos Estados em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu no primeiro turno para o então candidato a presidente Geraldo Alckmin. Mas desta vez, o candidato do PSDB, José Serra, não poderá contar a mesma história. Dilma Rousseff lidera as pesquisas de opinião com 50% das intenções de voto no Estado contra 30% de Serra. Na pesquisa anterior os dois tinham 36% das intenções de voto. É o próprio candidato ao governo do Estado pelo PSDB, Expedito Junior, é quem explica o que aconteceu: "Serra sempre liderou aqui em Rondônia, mas não apareceu uma vez sequer aqui e mandou apenas uma caixinha de santinhos", diz Expedito.
Nas campanhas que se vê nas ruas de Rondônia, o nome de Serra pouco aparece. Ele não está nem nos cartazes ou folhetos e panfletos do seu próprio partido. No horário eleitoral gratuito, Expedito Junior também deixou Serra de lado e prefere falar em trabalhar em parceria com o prefeito Roberto Sobrinho, que é do PT. Alguns de seus correligionários contam que Serra abandonou Expedito por causa do processo administrativo que impediu a oficialização da candidatura por causa da lei do Ficha Limpa.
Expedito foi cassado em 2006 quando era Senador, por compra de votos e abuso de poder econômico. Neste ano, quando foi sancionada a Ficha Limpa, o TRE impugnou sua candidatura. O candidato chegou a pedir uma liminar antecipada ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão do TRE, mas o Supremo decidiu arquivar o caso até que o Tribunal Superior Eleitoral se manifestasse. A alegação de defesa do candidato é que quando ele foi cassado, em 2006, a lei previa que ele ficaria inelegível por três anos. Com a nova lei, esse prazo passa a oito anos e por isso ele não pode ter sua candidatura registrada.
O candidato que já foi líder nas pesquisas, tem que lidar hoje com falta de dinheiro na campanha e tendo que demitir colaboradores. "Fiz toda ela do meu bolso, ou seja, com R$ 600 mil e algumas doações de papel e gasolina", diz Expedito. "É claro, ninguém quer financiar uma campanha que não está registrada."
Mesmo assim, Expedito disse nesse fim de semana que vai até o fim e sua campanha organizou uma grande carreata em Porto Velho. Expedito Junior recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) e está confiante que sua candidatura será validada. Mas seus adversários já tentam convencer os eleitores que votar no candidato do PSDB é perder o voto. (JG)