Título: Greve dos bancários para agências no país
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2010, Brasil, p. A4

A greve iniciada ontem pelos bancários paralisou agências em grandes cidades do país, mas não afetou o funcionamento dos serviços bancários. Pelo balanço da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) foram paradas 3.864 agências no país, sendo 398 apenas na cidade de São Paulo. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não fez um balanço do movimento.

Após cinco sessões de negociações com os empresários, os líderes sindicais levaram para assembleias estaduais na última terça-feira o indicativo de greve, acatado pela maioria dos participantes. A categoria conta, ao todo, com 470 mil trabalhadores no país.

Os sindicalistas reivindicam reajuste nominal de 11%, piso de R$ 2.157 (atualmente ele é R$ 1.074) e participação nos lucros e resultados (PLR) equivalente a três salários mais parcela fixa de R$ 4 mil. Segundo a Fenaban, o salário médio da categoria está em R$ 4,1 mil

Representantes dos trabalhadores e dos bancos tem versões distintas sobre as negociações que levaram à greve. "Foram cinco rodadas de negociações e, em todas, os empresários se negaram a discutir um reajuste salarial acima da inflação, algo inconcebível para nós", diz Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, principal articulador do lado sindical dos trabalhadores. Do lado patronal, Magnus Apostólico, diretor de relações trabalhistas da Fenaban, garante que houve disposição para dialogar.

O fechamento de agências "preocupa", diz o diretor da Fenaban, porque amanhã serão iniciados os pagamentos das aposentadorias pelo INSS. "Muito não são lesados, porque há muitas agências funcionando, então basta o cliente ir em outra. Há, também, a chance de utilizar a internet. Mas com os aposentados a história é diferente", diz.

Como no ano passado, quando a greve foi iniciada no fim de setembro e durou 15 dias, os sindicalistas avaliam que a categoria só voltará ao trabalho após uma nova proposta.

"Todo ano é a mesma história", diz Apostólico, "nós sentamos para conversar e eles já estão dispostos a fazer greve. Parece que a ideia de greve está no DNA dos sindicalistas". Segundo o diretor da Fenaban, os empresários levaram à mesa de negociação a proposta de repor a inflação acumulada nos 12 meses terminados no mês de setembro - 4,29%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - e negociar um aumento real inferior aos 6,71% reivindicados pela Contraf. (JV)