Título: Previdência deve ser refeita de "forma realista", diz Serra
Autor: Klein , Cristian
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2010, Política, p. A6

Diante de uma plateia de funcionários públicos, o candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB), afirmou ontem que que refazer "no Brasil toda a questão previdenciária de maneira realista". O candidato afirmou que prefere "mexer muito mais na idade do que na remuneração. Mas é algo que temos de examinar com abertura, para fazer uma coisa séria. Do contrário, nós ficamos com um pé em cada canoa nessa matéria".

Único dos principais candidatos à Presidência que aceitou o convite para participar do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), em São Paulo, Serra, indagado posteriormente pelos jornalistas, disse que a afirmação anterior foi "uma questão de ênfase". "Eu sou a favor da aposentadoria integral para os funcionários públicos, que também não precisam se aposentar com 40 e poucos anos", observou.

O candidato tucano voltou a dizer que o Estado brasileiro foi aparelhado durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que o inchaço da máquina pública se deve ao grande número de cargos de confiança na administração direta do governo federal, segundo ele, mais de 20 mil: "Nas agências reguladoras, as indicações hoje são todas político-partidárias." Serra acredita que a discussão em torno do tamanho da participação do Estado na economia está superada: "Não vejo sentido em falar de Estado mínimo ou máximo. Estado é para ser ágil e necessário." Em outro momento, observou: "Sem Estado forte, não teremos economia forte. O que não pode ter é desmoralização do Estado por conta da conjuntura político-partidária. O Estado está acima dos governos."

Despido de modéstia, segundo suas próprias palavras, o candidato Serra disse ter "livre-docência" em tributação e Congresso Nacional: "Devo dizer, imodestamente, que sou talvez o maior entendedor disso no Brasil." Nessa toada, Serra desafiou a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, a discorrer, em pormenores, sobre uma eventual reforma tributária que faria em seu governo: "Se vocês chegarem para a Dilma, que fala tanto de reforma tributária, e disser "fale em cinco minutos, começo meio e fim, o que deveria ser (a reforma)", tirando trivialidades, como aliviar a carga tributária sobre investimentos, não há mais nada."

Serra classificou como "fofoca" a ideia de ele seria contra os concursos públicos e disse valorizar a meritocracia: "É uma forma de democracia para carreiras do Estado". E completou: "Sou um fanático por concursos."