Título: Marina alfineta petista ao falar de legalização do aborto
Autor: Klein , Cristian
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2010, Política, p. A6

Central do Brasil na hora do rush. Essa foi a escolha da candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva, para reforçar sua campanha no Rio de Janeiro, onde vem crescendo nas pesquisas de intenção de voto. O que era para ser um "adesivaço" - com a distribuição de adesivos de campanha - virou uma caminhada curta e confusa pelo que pode ser considerado um dos pontos mais nervosos da cidade na hora da volta para casa.

Com o atraso de uma hora da candidata, os militantes do PV disputaram a atenção dos passantes com militantes do PT que faziam campanha para o candidato a deputado federal Vladimir Palmeira, que estava presente, e que pediam também votos para a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff.

Marina foi recebida entre gritos de euforia e empurra-empurra dos que queriam dar apoio à candidata, e também dos que queriam apenas aparecer para as câmeras de televisão. Ao lado do candidato ao governo do Estado do Rio pelo PV, Fernando Gabeira, Marina disse que não só o Rio, mas o país inteiro vive uma "onda verde".

"Já estamos em uma verdadeira onda verde. Na Amazônia, no Estado do Pará, eles dizem que é mais do que uma onda, é uma pororoca verde. O Brasil inteiro está se mobilizando com um projeto coerente", disse.

Questionada sobre seu crescimento nas pesquisas do Rio, sem que Gabeira a acompanhe no avanço na disputa pelo governo do Estado, a candidata respondeu que "quem vota em Marina vota em Gabeira".

Ela pediu aos eleitores que a levem ao segundo turno, para que o país possa escolher entre duas mulheres. "Ter duas mulheres no segundo turno depois de 500 anos de história é uma demonstração de amadurecimento político do país", disse.

Ela disse acreditar que irá para o segundo turno, mesmo ainda estando tão atrás do segundo colocado, o candidato do PSDB José Serra, nas pesquisas de intenção de voto. "O que está nas pesquisas é menor do que o que está nas urnas e o que está nas urnas é maior do que o que está nas pesquisas", opinou.

A candidata aproveitou para alfinetar a adversária petista sobre o polêmico assunto da legalização do aborto no país. Religiosa, Marina já se colocou publicamente contra a questão, mas disse que, por se tratar de uma democracia, convocaria um plebiscito para que a população decidisse.

Na manhã de ontem, Dilma encontrou-se com um grupo de religiosos, onde afirmou ser contra o aborto e disse que, se eleita, não convocará plebiscito para tratar do assunto.

Marina respondeu que, em se tratando de assuntos delicados como esse, não é possível mudar de opinião, nem tomar decisões pessoais. "A ministra Dilma já disse que era favorável (ao aborto) e depois mudou de posição", disse.

A candidata chegou ao Rio no fim de tarde de ontem para se preparar para o debate dos presidenciáveis na Rede Globo, na noite de quinta-feira.