Título: Câmbio é motivo de atrito entre tucano e petista antes de debate
Autor: Ennes , Juliana
Fonte: Valor Econômico, 01/10/2010, Política, p. A12

A cotação do dólar em relação ao real causou atrito entre os dois principais candidatos à Presidência da República ontem à tarde.

A candidata do PT, Dilma Rousseff, disse que é preciso acompanhar a cotação da moeda americana em relação ao real, mas com o cuidado de verificar até que ponto se trata de uma questão conjuntural, em que o Brasil passa a ser um mercado com grande expectativa de valorização, ou estrutural, na qual o dólar se desvaloriza em relação às principais moedas do mundo.

"Tem que acompanhar a cotação, mas também tem aquela história de que, se ficar fixando o dólar, nós já sabemos no que dá. Deu no que deu ficar fazendo âncora com o dólar. Esse pessoal do governo anterior tem muito pouca autoridade para falar de câmbio", disse a candidata em entrevista coletiva no Rio, onde se preparava para o último debate na tevê antes das eleições.

O candidato tucano, José Serra, respondeu à crítica. "Foi um problema do governo Fernando Henrique? Passaram oito anos e eles não aprenderam. Eles não consertaram. É um problema agora. Só que eles criticaram, passaram oito anos, e eles não resolveram como em 90% das coisas que eles criticavam", disse Serra, que também estava no Rio, à espera do debate.

No último dia do horário eleitoral gratuito, Serra destacou suas imagens com a família e relembrou suas principais promessas de campanha, como a construção de 400 quilômetros de linhas de metrô pelo país, o reajuste de 10% para aposentados e pensionistas e um salário mínimo de R$ 600.

O programa faz parte de uma ofensiva do tucano para chegar ao segundo turno. Já Dilma apostou no presidente Luiz Inácio Lula como cabo eleitoral para definir a disputa ao Palácio do Planalto no primeiro turno. Na propaganda, enquanto conversam, os dois aparecem em regiões diferentes do país.

Após reforçar a ideia de continuidade das conquistas do governo atual, Dilma prometeu respeitar as liberdades individuais e religiosas. Já Marina Silva (PV) procurou destacar seu avanço recente nas pesquisas de intenção de voto.