Título: Treze Estados devem definir em 1º turno
Autor: Klein , Cristian
Fonte: Valor Econômico, 01/10/2010, Política, p. A13

Assim como na disputa presidencial, na qual Dilma Rousseff (PT) teve sua vantagem diminuída, correndo o risco de não vencer no primeiro turno, as forças governistas nas corridas estaduais também sofreram reveses na reta final.

A eleição para governador deve terminar no primeiro turno em 13 Estados. Em quatro, certamente haverá segundo turno. E em dez a situação está indefinida. Entre estes, sete candidatos aparecem com 50% ou mais das intenções de voto, mas não é possível afirmar que vencerão na primeira etapa, devido à margem de erro.

O cenário, em número de Estados, ainda é favorável ao bloco de apoio ao governo federal. De acordo com pesquisas divulgadas até ontem, concorrentes apoiados pelo governo Lula lideram em 15 unidades da Federação. Candidatos de oposição estão na frente em nove Estados. E a situação é de empate em três: Alagoas, Paraná e Rondônia.

Nas últimas semanas, a oposição obteve um avanço na eleição para governador em três Estados: em Santa Catarina, onde Raimundo Colombo (DEM) ultrapassou Angela Amin (PP); em Tocantins, onde Siqueira Campos (PSDB) supera agora Carlos Gaguim (PMDB); e em Minas Gerais, onde o governador Antônio Anastasia (PSDB) aparece com folga, em primeiro lugar, depois que seu crescimento causou divergências entre os institutos Ibope e Datafolha.

A vitória de Anastasia em Minas, caso se concretize, será o maior golpe nos planos do governo federal e da aliança nacional PT-PMDB. Foi no Estado que os dois partidos criaram a maior celeuma em torno de quem seria o candidato da chapa, com ameaças de rompimento da coalizão. O PMDB ganhou a queda de braço sobre o PT regional e Fernando Pimentel rumou para disputar uma vaga ao Senado. Mas o candidato do partido, Hélio Costa, pode perder. Pelo Datafolha divulgado ontem, Anastasia estaria bem próximo da vitória no primeiro turno. Tem 52% dos votos válidos. Como a margem de erro é de 2 pontos, ele pode estar com 50%, no limite de conseguir a maioria absoluta dos votos.

Caso eleja o governador de Minas, a oposição terá no Estado um bunker, pois pode dominar também as três cadeiras do Senado, com a provável eleição do ex-governador Aécio Neves (PSDB) e do ex-presidente Itamar Franco (PPS).

Se, no plano federal, a oposição pode amargar mais quatro anos longe do Planalto, no nível estadual o balanço de poder ainda lhe é favorável, representando uma resistência à maré governista prevista para as eleições presidenciais e legislativas. O DEM, que em 2006 elegeu apenas um governador, no Distrito Federal, José Roberto Arruda - que terminou saindo, no ano passado, depois do maior escândalo de corrupção ocorrido no país nos últimos anos - pode, desta vez, ganhar em dois Estados: com Colombo, em Santa Catarina, e Rosalba Ciarlini, no Rio Grande do Norte. Rosalba, aliás, pode ser a única governadora de oposição num mar de governistas no Nordeste.

Já o PSDB é o partido mais bem posicionado nas corridas estaduais. Lidera com folga seis disputas e concorre de modo acirrado em mais cinco, podendo conquistar até 11 Estados. Além disso, e mais importante, os tucanos provavelmente conseguirão manter e até ampliar seu domínio em termos de eleitorado governado, uma hegemonia que dura desde as eleições de 1994. Se mantiver Minas Gerais e São Paulo, os dois maiores colégios eleitorais do país, e vencer nos quatro Estados onde seus candidatos têm boa vantagem, a legenda já alcança 40% do eleitorado nacional. Fora as outras cinco unidades da Federação onde têm chances razoáveis e reúnem quase 10% do eleitorado.

Nesse predomínio estadual, os tucanos têm o PMDB como maior concorrente. O partido pode eleger até 10 governadores, sendo que cinco lideram com folga: Roseana Sarney, no Maranhão; André Puccinelli, no Mato Grosso; Silval Barbosa, no Mato Grosso do Sul; José Maranhão, na Paraíba; e Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro. Todos são governistas, exceto Puccinelli, que tentou se aproximar do presidente Lula e de Dilma Rousseff, durante a campanha, desde que eles declarassem apoio a ele, prejudicando Zeca do PT, o que foi recusado.

Além dos quatro pemedebistas, o governo federal conta com mais 11 candidatos na liderança.

Cinco deles são do PT, que têm vantagem no Acre, com Tião Viana; na Bahia, com Jacques Wagner; no Distrito Federal, com Agnelo Queiroz; no Rio Grande do Sul, com Tarso Genro; e no Sergipe, com Marcelo Déda. Caso saia vencedor em todos esses Estados, o PT iguala o número conquistado em 2006, mantendo também a proporção de eleitorado governado, com cerca de 15%.

O PSB incrementa a conta governista, com mais três Estados, todos com previsão de vitória no primeiro turno: Cid Gomes, no Ceará; Renato Casagrande, no Espírito Santo; e Eduardo Campos, que deve se sangrar como o governador eleito com o maior apoio. Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, Campos aparece com 69% das preferências dos pernambucanos.

O oposto ocorre em três Estados onde a disputa está muito equilibrada. No Paraná, a situação é de empate entre Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT), que cresceu na reta final, fazendo com que seu adversário barrasse na Justiça a divulgação de pesquisas. Em Roraima e em Alagoas, três candidatos estão embolados e qualquer um pode ir para o segundo turno. No Estado nordestino, a disputa é entre dois ex-governadores, Fernando Collor (PTB) e Ronaldo Lessa (PDT), e o atual Teotônio Vilela, que encontra dificuldades para se reeleger.

É uma situação minoritária. Dos 20 governadores que tentam renovar seus mandatos, 15 lideram a competição e devem alcançar o objetivo. Além de Vilela, os outros mandatários que estão atrás nas pesquisas são Ana Julia Carepa (PT), no Pará; Iberê Ferreira (PSB), no Rio Grande do Norte; Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul, e Pedro Paulo (PP), no Amapá, que chegou a ser preso durante a campanha, em meio a um escândalo de corrupção que atingiu toda a cúpula do poder no Estado. Ele está em quarto lugar.