Título: Mais dois estão no páreo pelo MA de Roseana
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 01/10/2010, Política, p. A15

Os últimos dias da campanha no Maranhão trouxeram recados claros dos três principais candidatos ao governo do Estado: a atual governadora Roseana Sarney (PMDB) fez um apelo aos eleitores para permanecer no cargo; Jackson Lago (PDT), ex-governador eleito em 2006, mas afastado em 2009 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - dando espaço para que Roseana, segunda colocada no pleito, assumisse seu lugar - pediu aos eleitores para voltar ao cargo; e Flávio Dino (PCdoB), ex-juiz e deputado federal, pediu uma chance. A campanha de Lago ganhou alento com a decisão do TSE que, ontem à noite, manteve sua candidatura. A decisão foi tomada por quatro votos a três e abriu uma brecha para que outros políticos possam escapar da Lei da Ficha Limpa. A maioria dos ministros concluiu que a lei só atinge os candidatos que sofreram condenação por "representação julgada procedente" pela Justiça por abuso de poder econômico ou político. O problema é que Lago não perdeu o cargo de governador, em 2009, por força de uma representação, mas sim, por um "recurso contra a expedição de diploma" de governador.

As pesquisas eleitorais que traçam o cenário ao governo deram, na última semana, sinais de que a disputa será definida somente no domingo. Algumas apresentam um quadro de definição ainda no primeiro turno, com a vitória de Roseana, outras sinalizam para um segundo turno, que tanto pode ser entre Roseana e Lago quanto entre ela e Flávio Dino, que disputou as eleições para prefeito de São Luís em 2008 e cresceu nas pesquisas ao longo da campanha.

Com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, Roseana centrou a campanha em programas voltados a políticas sociais, como parcerias com o governo federal para a construção de casas pelo programa Minha Casa, Minha Vida e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A pemedebista prometeu "um Maranhão com mais justiça social e mais igualdade" e afirmou que o Estado está vivendo um novo tempo, com promessas de investimentos de porte de empresas como Vale, Petrobras, OGX e Suzano. "Lembre que ao nosso lado estão Lula e Dilma", disse em seu último programa na TV, na quarta-feira.

Num Estado com índice de analfabetismo de 19,5% e mortalidade infantil de 37,9 a cada mil nascidos vivos, as políticas sociais também foram o foco das campanhas dos demais candidatos. Flávio Dino, embora faça parte da base aliada do governo federal com o PCdoB, não teve o apoio de Lula e Dilma, já que o diretório nacional do PT impôs no Estado o apoio à candidata do PMDB, que também faz parte da base do governo petista no âmbito federal. Não deixou, no entanto, de usar a imagem de Dilma em sua campanha e garantiu que, em seu governo, terá o apoio de um eventual governo do PT em seus projetos sociais. "A cada casa que o governo federal fizer no Maranhão o Estado fará outra", afirmou.

O investimento em saneamento básico, num Estado onde quase não há tratamento de esgoto, também esteve presente em vários momentos da campanha de Dino, assim como na do candidato pedetista Jackson Lago. Ressentido por ter sido afastado do governo em 2009 por decisão do TSE, Lago fez campanha focada na retomada dos projetos que foram iniciados em sua gestão, mas interrompidos com o afastamento. Ontem, a equipe de Lago foi abalada pela queda de um helicóptero utilizado pela sua campanha em Imperatriz. Cumprindo agenda pelo interior do Estado desde quarta-feira, Lago recém havia sido deixado em Açailândia, junto com o candidato ao Senado pelo PSDB Roberto Rocha. Com a queda, houve uma explosão e o piloto morreu carbonizado.

Ao contrário do que ocorre nas campanhas pelo governo do Estado, a disputa pelas duas vagas no Senado destinadas ao Maranhão parece estar bem mais definida, conforme as pesquisas eleitorais. Edison Lobão e João Alberto, ambos do PMDB, são apontados como a preferência dos eleitores nas pesquisas de intenção de voto. Lobão, em sua campanha, afirmou ser o responsável por trazer os investimentos em refinarias, energia elétrica e gás ao Maranhão e diz que nunca houve uma situação tão especial como a atual diante promessas de investimentos que podem gerar empregos em um Estado pobre. Assim como Roseana, Lobão explorou a proximidade com Lula e Dilma durante a campanha. O terceiro colocado nas pesquisas é o ex-governador José Reinaldo Tavares, do PSB, ex-governador que apoia a candidatura de Flávio Dino ao governo. (Colaborou Juliano Basile, de Brasília)