Título: Em Goiás, eleitores indecisos devem definir disputa
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 01/10/2010, Política, p. A15

O senador tucano Marconi Perillo (PSDB), candidato ao governo de Goiás, um dos adversários que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazia questão de derrotar nas eleições de 2010, usou a imagem do próprio presidente em programas eleitorais e chega às urnas, neste domingo, como favorito, acreditando na possibilidade de vencer o pleito no primeiro turno. Ele disputa com dois aliados do Palácio do Planalto, o candidato Iris Rezende, do PMDB (coligado com o PT), e Vanderlan Cardoso (PR), candidato do atual governador Alcides Rodrigues (PP), que tinha sido eleito por Perillo e com ele rompeu.

A disputa, na realidade, não está definida. Perillo, segundo pesquisa do Ibope realizada entre 21 e 23 de setembro, tem 43% das intenções de voto. Iris aparece com 33%, seguido por Vanderlan, com 12%. O fiel da balança no Estado pode ser o grande número de indecisos, que somam 7%. Votos em branco e nulos atingem 4%. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Uma segunda pesquisa divulgada pelo instituto local Serpes e o jornal "O Popular", de Goiás, aponta que Marconi Perillo venceria a eleição no primeiro turno. O tucano aparece com 50,4% dos votos válidos. A soma dos outros candidatos dá 49,6%. Pela pesquisa, o candidato do PSDB tem 46,7% das intenções de voto. Iris Rezende aparece com 32,6% e Vanderlan Cardoso, 12,6%. Os candidatos do PCB, Marta Jane, e do PSOL, Washington Fraga, têm 0,5% e 0,3% das intenções, respectivamente.

A disputa em Goiás é liderada por dois candidatos que já trazem no currículo oito anos à frente do governo. Perillo foi eleito em 1998 e reeleito em 2002, em primeiro turno, com 51,2% dos votos válidos. Iris Rezende, que comandou o Estado entre 1983 e 1986, voltou ao governo em 1991. Depois disputou a prefeitura de Goiânia, cargo que ocupava até agora. Nesta semana, os dois trocaram farpas durante debate na TV. Iris chegou a afirmar que o atual governador, Alcides Rodrigues, herdou "uma carcaça de governo" de Perillo. O candidato tucano chegou a insinuar que seus adversários haviam feito uma "tabelinha" contra ele e que, quando assumiu pela primeira vez o governo herdado do PMDB, Goiás era dono da "maior dívida externa do Brasil", referindo-se à dívida pública do Estado.

Entre os candidatos que disputam o Senado, Demóstenes Torres (DEM) e Lúcia Vânia (PSDB) lideram as pesquisas. Segundo o Ibope, o candidato do Democratas tem 52% das intenções de voto, enquanto a candidata tucana tem 39%. Pedro Wilson (PT) está na terceira posição, com 18%.

Demóstenes foi eleito com dificuldades na primeira vez mas agora ficou em posição confortável desde o início, principalmente devido à sua atuação no mandato do Senado, aprovada pelo eleitorado.

A despeito das disputas políticas, os dois principais candidatos ao governo de Goiás têm em comum o fato de serem donos de grandes fazendas. Em sua declaração de bens, Marconi Perillo informou ser dono de uma fazenda de R$ 219 mil na cidade de Pirinópolis (GO). Os bens declarados pelo candidato somam R$ 1,637 milhão. É pouco mais do que vale uma das propriedades informadas por Iris Rezende. Sua fazenda situada na cidade de Britânia (GO) é avaliada em R$ 1,154 milhão. Os bens informados por Iris totalizam R$ 14,638 milhões.

O candidato que assumir o Estado vai encontrar alguns projetos de infraestrutura que deverão ser alvos de fortes investimentos nos próximos anos, ações apoiadas pelo orçamento do governo federal. Entre as obras em andamento estão a construção de linhas de transmissão de energia - que ligarão a região Norte do país ao Sudeste - e a malha logística da Ferrovia Norte-Sul, prevista para chegar à cidade de Anápolis até o fim deste ano. Ao longo de toda a campanha eleitoral deste ano, a situação falimentar da Companhia de Eletricidade de Goiás, que vem sofrendo dificuldades há vários governos, inclusive dos que disputam novamente agora, foi um dos principais temas de acusações e debates nos palanques.