Título: Tarso Genro pode vencer no 1º turno
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 01/10/2010, Política, p. A15

A disputa pelo governo do Rio Grande do Sul - quinto maior colégio eleitoral do Brasil, com 8,1 milhões de votantes - chega à reta final com chance de definição no primeiro turno. Líder nas pesquisas desde o início da campanha, o ex-ministro da Justiça, Tarso Genro (PT) aparece com 45% dos votos totais (52% dos válidos), no levantamento de ontem do Datafolha. Atrás dele vêm o ex-prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), com 25%, e a governadora Yeda Crusius (PSDB), com 15%. Na briga pelo Senado, a estreante Ana Amélia Lemos (PP), que concorre na chapa com o PSDB, e o senador Paulo Paim (PT) lideram com 53% e 49% dos votos totais, respectivamente. O ex-governador Germano Rigotto (PMDB) tem 39%, mas conta com o elevado índice de indecisos, que chegam a 32% do eleitorado (somando os que estão em dúvida para uma ou para as duas vagas), para virar o jogo.

Embalado pela boa campanha para o governo, o PT também quer aumentar a bancada na Assembleia Legislativa de dez para 12 ou 13 parlamentares e na Câmara dos Deputados, de sete para até nove, diz o presidente estadual do partido, Raul Pont, que concorre à reeleição na Assembleia. Segundo ele, os petistas estão otimistas com o desempenho de Genro e da candidata do partido à Presidência, Dilma Rousseff, que consolidou vantagem sobre José Serra (PSDB) entre os gaúchos a partir de agosto.

O PT tem a maior representação gaúcha na Câmara e - ao lado do PMDB - a maior bancada estadual. Os pemedebistas admitem perder um dos seus cinco deputados federais, mas esperam manter ou aumentar em pelo menos um o número atual de dez estaduais. O PSDB reconhece que pode reduzir a bancada federal de dois para um representante devido à coligação com o PP, que tem uma nominata mais "robusta" para o cargo, mas espera aumentar a bancada estadual de cinco para até oito parlamentares, conforme o presidente estadual do partido, deputado federal Cláudio Diaz, que concorre à reeleição.

Coligado com o PSDB na eleição majoritária e para a Câmara dos Deputados, mas sozinho na disputa para a Assembleia, o PP espera manter as nove cadeiras no Legislativo estadual e aumentar de cinco para seis o número de deputados federais, revela o presidente estadual da sigla, Pedro Bertolucci. O PDT, que tem o vice na chapa de Fogaça, mas disputa a eleição proporcional com o pequeno PTN, quer manter os três deputados federais e aumentar a bancada estadual de sete para oito parlamentares, diz o presidente estadual da sigla, Romildo Bolzan Júnior.

Durante a campanha, Genro (que concorre coligado com o PSB, o PCdoB e o PR) procurou vincular-se ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. Lembrou os quatro ministérios que ocupou nos dois mandatos do PT, prometeu colocar o Estado no ritmo do crescimento do país e citou os investimentos do governo federal no Rio Grande do Sul, principalmente os do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Como resultado, conseguiu os melhores índices nas pesquisas já obtidos pelo partido em eleições para o governo do Estado.

Já os debates foram mornos neste ano, com poucos ataques entre os principais candidatos. As críticas mais duras foram desferidas contra Yeda por Pedro Ruas (PSOL), que insistiu nas denúncias de corrupção contra a governadora e aparece com 1% dos votos nas pesquisas. Mesmo assim, no último confronto entre os postulantes ao governo estadual pela televisão, ela disse que enfrentou uma disputa de "tantos contra uma" e que durante os dois últimos anos foi vítima de um "massacre diário" da oposição.

Yeda também se queixou do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que na última noite de propaganda eleitoral na televisão cassou metade do tempo do programa da tucana porque ela usou, à tarde, espaço reservado aos deputados. Em nota, a governadora classificou a decisão como uma "violência". Na campanha, ela focou fatos como o "ajuste fiscal" no governo estadual, investimentos, pagamentos de precatórios e contratação de policiais. Nos últimos três meses ainda assinou nove decretos concedendo reduções de ICMS sobre diversos produtos, desde arroz beneficiado, leite e carne de frango até telhas de concreto e bens de capital.

Fogaça, que renunciou à prefeitura de Porto Alegre para concorrer, evitou apoiar Dilma à Presidência para não desagradar aos deputados serristas do partido no Estado, embora o PMDB nacional tenha o deputado federal Michel Temer (SP) como vice na chapa da petista. A "imparcialidade" do pemedebista custou atritos com seus aliados do PDT, que chegaram a promover atos de campanha em favor da candidata do PT, mas ele insistiu que a postura lhe garantiria, caso eleito, boas relações com qualquer que seja o futuro governo federal. Na semana passada, o presidente estadual do PMDB, senador Pedro Simon, abriu o voto para a candidata do PV à Presidência, Marina Silva.