Título: Cesar Maia acredita em volta por cima
Autor: Junqueira , Caio
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2010, Política, p. A8
O ex-prefeito Cesar Maia (DEM), que amargou o quarto lugar na disputa pelo Senado, no Rio, disse que considerava a derrota previsível. Maia alegou que não cometeu erros, mas foi derrotado pela força do presidente Lula, da candidata Dilma Rousseff, do governador Sérgio Cabral, e da Igreja Universal do Reino de Deus.
Apesar da derrota, Cesar Maia não desiste de concorrer a cargos públicos e acredita que pode voltar a ter grande votação no futuro. "A política é cíclica. Os que hoje têm hegemonia estavam no ostracismo há alguns anos".
Por dois meses, as pesquisas deram Cesar Maia com 15% dos votos, atrás apenas do senador Marcelo Crivella (PRB). Mas, na reta final, foi ultrapassado pelo ex-prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT) - que conquistou 28,65% dos votos -, e foi surpreendido pelo deputado estadual Jorge Picciani (PMDB), no dia da votação. Cesar Maia teve 11,06% dos votos, contra 22,66% de Crivella e 20,73% de Picciani.
Independentemente do rápido crescimento do candidato petista, apoiado amplamente pelo presidente Lula e pela candidata Dilma Rousseff, e da força política do governador reeleito Sérgio Cabral, Maia deixou a prefeitura do Rio em 2008 mal avaliado pelos cariocas. Foi duas vezes prefeito, elegeu o sucessor, tentou governar o Estado, mas não foi eleito, voltou à prefeitura. Nas duas primeiras gestões, contou com boas avaliações. Mas, na última, era apontado como um prefeito ausente, no fim do mandato dedicado fundamentalmente a uma obra de grandes proporções, a Cidade da Música, que não concluiu e consumiu mais de R$ 400 milhões. No fim do terceiro mandato na prefeitura, Maia disse que foi surpreendido pelo volume de recursos necessários para a realização dos Jogos Pan-Americanos o que acabou prejudicando os investimentos na cidade.
Atualmente, ocupa o cargo de assessor para assuntos internacionais no DEM. Disse que, nos próximos dias, vai se dedicar a campanha à Presidência de José Serra no Rio. "Hoje ele me telefonou. Está muito otimista".
O ex-prefeito acredita que a disputa será acirrada, porque parte dos votos de Marina foi por razões religiosas e esses votos não migrarão para Dilma. Além disso, segundo Maia, o fato de ela não ter ganhado no primeiro turno pode desestimular a sua militância. Já Serra teria dado uma virada com a chegada no segundo turno e ainda deve mudar o rumo da campanha.