Título: Na terceira tentativa, Tarso Genro vence no RS
Autor: Mandl , Carolina
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2010, Política, p. A18
O ex -ministro, da Justiça, Tarso Genro(Pr} tornou-se ontem o primeiro governador eleito em primeiro turno do Rio Grande do Sul. Às 20h29 de ontem, com 96,5% da apuração concluída, o petista alcançou 3,318 milhões de votos, o equivalente a 54,31% dos votos válidos, contra 24,76% do ex-prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), e 18,39% da governadora Yeda Crusius (PSDB), que buscava a reeleição.
Esta foi a terceira vez que Genro, 62 anos, concorreu ao governo do Estado. Em 1990 ele não passou do primeiro turno e em 2002 perdeu no segundo turno para Germano Rigotto (PMDB). Ele também foi prefeito de Porto Alegre de 1993 a 1996 e de 2001 a 2002, além de ministro do "Conselhão", da Educação, da Articulação Política e da Justiça durante os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O governador eleito saiu de residência para ir ao comitê de campanha as 20 horas e se disse "muito emocionado" com 1 vitória inédita no primeiro turno. Ele afirmou que pretende ¿unir¿ o Grande do Sul em torno do combate às ¿"desigualdades regionais" e convidou ¿todas as forças políticas¿ do Estado que concordam comesse programa para trabalhar em conjunto com o futuro governo.
Na disputa pelo Senado, o senador Paulo Paim (PT) conseguiu a reeleição com 33,82% dos 96,5% votos apurados às 20h50, à frente da estreante Ana Amélia Lemos (PP), que chegou a 29,56%. Rigotto (PMDB) ficou em terceiro, com 21,24%, e não obteve a vaga.
Paulo Paim já informou que a sua prioridade será retomar a principal bandeira política defendida nos últimos meses: a luta pela extinção do fator previdenciário, mecanismo que reduz o valor das aposentadorias pagas pelo INSS de acordo com a idade e a expectativa de vida do beneficiário.
Mais identificada com o setor agropecuário, Ana Amélia disse que também pretende abraçar o projeto do senador petista.
Pela manhã, antes de participar de um café com a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da República, Dilma Rousseff, Genro disse que até hoje nunca havia disputado uma campanha em que "desse tudo tão certo quanto esta".
Mesmo assim, afirmou que apesar da vitória no primeiro turno vai tratar os adversários "com muito respeito", para buscar o "máximo de coesão" possível para colocar o Estado em um "novo ciclo de desenvolvimento¿.
Para o petista, houve "ajuda recíproca" entre ele e Dilma para o crescimento de ambos na preferência dos eleitores gaúchos nos últimos meses no Estado. "Nós interagimos e crescemos juntos", comentou. "Eu, pelo fato de ter participado (por) sete anos do governo, me credenciei como representante do projeto do presidente Lula. E ela, pelo papel absolutamente relevante que teve no governo".
Genro também deve assumir o governo gaúcho com uma bancada confortável na Assembleia Legislativa. De acordo com a apuração concluída às 20 horas de ontem, o PT havia aumentado o número de deputados estaduais de dez para 14, enquanto o PSB e o PCdoB, que disputaram a eleição coligados com os petístas, passaram, somados, de tres para quatro parlamentares.
A Assembleia gaúcha tem 55 cadeiras e o PT também deve contar com o apoio do PDT, que concorreu coligado ao PMDB para o governo do Estado. O PDT aumentou a bancada de sete para oito deputados. Genro tem ainda proximidade com o PTB, que passou de quatro para cinco parlamentares. Somados, os partidos simpáticos ao governador eleito teriam 31 deputados estaduais, ou 56,4% do Legislativo estadual.
Segundo colocado na eleição para o governo, Fogaça lamentou que o PMDB não tivesse apresentado um candidato à Presidência da República. "Foi uma grande falha do meu partido não assumir uma candidatura própria que alavancaria as nossas propostas", afirmou o candidato, que se manteve neutro durante toda a campanha entre Dilma e o candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
Fogaça disse ainda que não foi fácil enfrentar "dois polos de poder", representados por Genro, ex-ministro do governo Lula, e Yeda, governadora que tentava a reeleição. "O único candidato da planície era eu, contra os outros que tinham estruturas maCiças de poder atrás de si".
Ainda durante a manhã de ontem, em entrevistas a emissoras de rádio em Porto Alegre, Yeda afirmava que mantinha a esperança de chegar ao segundo turno, embora não tenha conseguido ir além da terceira posição nas pesquisas durante todo o período eleitoral. Depois de fazer uma campanha em que explorou a conquista do equilíbrio das contas públicas do governo estadual, ela lembrou que em 2006 também estava atrás nos levantamentos, mas acabou eleita ao vencer o petista Olívio Dutra no segundo turno.