Título: Guerra pelo Parlamento
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 17/07/2010, Política, p. 8

PT e PMDB travam uma disputa intensa nos bastidores para ver quem elegerá mais deputados e senadores e controlará o Congresso

Enquanto PT e PMDB procuram parecer bem irmanados e coligados dentro da campanha pela Presidência da República, uma guerra pelo controle do Congresso ferve entre os dois partidos nos mais variados estados. Petistas e peemedebistas fazem contas e projeções tendo como objetivo final o controle da Câmara e do Senado.

O PT calcula eleger de 100 a 110 deputados. O PMDB, mais modesto, calcula eleger, pelo menos, 90. No Senado, as projeções de ambos estão em empate técnico: PT e PMDB calculam ficar com uma bancada de, pelo menos, 16 e 17 senadores, respectivamente, o que dá o tom da disputa.

Essa percepção de uma guerra pelo controle do Senado ajudou a influenciar a decisão de muitos políticos desses dois partidos na hora de fechar as suas coligações. O deputado Jader Barbalho (PMDBPA), por exemplo, chegou a ensaiar uma aproximação com o PT, mas percebeu que os petistas poderiam tentar lhe tirar do páreo. Rapidamente, voltou-se ao PSDB de Simão Jatene, candidato ao governo, e sugeriu aos tucanos lançarem apenas o senador Flexa Ribeiro como postulante a uma das vagas ao Senado. Assim, os peemedebistas votam em Jader e em Flexa e os tucanos fazem a mesma coisa, de forma a tirar espaço do petista Paulo Rocha, que fez uma dobradinha com o PCdoB. Falta combinar com a Justiça Eleitoral, onde Rocha e Barbalho correm o risco de ser enquadrados na Lei da Ficha Limpa porque renunciaram a mandatos no passado. Barbalho largou o Senado em 2001 e Rocha deixou a Câmara em 2005, na época do escândalo do mensalão.

No Maranhão, onde o PT foi forçado a fechar a aliança com a governadora Roseana Sarney na última hora, o PMDB agiu rápido. Antes que os petistas exigissem uma das vagas ao Senado, os dois nomes já estavam indicados e aprovados em convenção o senador Edison Lobão, que concorre à reeleição, e o ex-senador João Alberto, ambos peemedebistas. Na Paraíba, o partido fez a mesma coisa. Lançou dois nomes ao Senado Vital do Rego Filho e Wilson Santiago e quer eleger pelo menos um.

Projeções O PMDB lançou 23 candidatos a senador. O PT, 18. As projeções indicam que o PMDB tem tudo para continuar com a maior bancada, diz o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), que, pela primeira vez, está um pouco apreensivo em relação ao seu futuro.

Tanto é que buscou abrigo na campanha pela reeleição do governador tucano José de Anchieta Júnior e faz dobradinha com Marluce Pinto (PSDB), viúva do ex-governador Ottomar Pinto, candidata ao Senado. O PT lançou a deputada Ângela Portela na corrida pelo Senado na coligação que tem o deputado Neudo Campos (PP) como candidato a governador.