Título: Com Petrobras, bolsa atrai 32 mil novos investidores
Autor: Fregoni , Silvia
Fonte: Valor Econômico, 08/10/2010, Investimentos, p. D1

Impulsionada pela megaoferta de ações da Petrobras, a BM&FBovespa bateu o recorde de pessoas físicas em setembro, com 630.895 investidores, superando a marca de 598.352 alcançada em julho. Foram 32,5 mil novos cadastros, ou 5,4% de crescimento no mês passado. O desempenho foi inferior, porém, ao de julho, quando a oferta do Banco do Brasil trouxe 42,3 mil novos cadastros para o mercado, ou 7,6% mais. Somadas, as duas ofertas ajudaram a bolsa a aumentar em 74,8 mil o número de investidores, ou 13,46%.

O forte crescimento de setembro reverte o pequeno recuo registrado em agosto, quando o total caiu para 597.560 pessoas físicas. A bolsa considera nessa conta apenas os investidores que realizaram ao menos uma operação no mês, ou seja, que mantiveram suas contas de corretagem ativas. A meta da BM&FBovespa é chegar a 5 milhões de investidores em cinco anos.

Apesar do maior número de investidores, os dados do home broker - sistema que permite à pessoa física operar na bolsa pela internet - mostram que a média diária de negócios recuou 18% em setembro em relação a agosto, para 199.523 transações. O volume financeiro operado pelo home broker caiu 20%, para R$ 36,13 bilhões.

O balanço mensal de atividades da BM&FBovespa mostra que o home broker foi na contramão do restante do mercado. O segmento Bovespa (ações em geral) registrou aumento de 13,8% no movimento financeiro em setembro, para R$ 140,98 bilhões, ante R$ 123,90 bilhões registrados em agosto. A média diária, por sua vez, foi de R$ 6,71 bilhões no mês passado para R$ 5,63 bilhões do mês anterior. O número de negócios cresceu 4,7% na comparação com agosto, para 9.398.749 transações.

O relatório da bolsa mostra ainda que, em setembro, foram abertos 38 clubes de investimento, totalizando 3.079 registros. E desde a redução do lote padrão de 100 para 10 cotas, no início de agosto, o número de negócios com os fundos de índices (ETFs) na BM&FBovespa cresceu 35,26%. Em setembro foram realizados 23.391 negócios com ETFs para 17.293 em agosto. O volume financeiro registrado em setembro pelos sete fundos de índices negociados na bolsa chegou a R$ 646 milhões, ante R$ 598,09 milhões em agosto.

O pequeno investidor também procurou se proteger das oscilações do mercado utilizando derivativos. Em setembro, foram negociados 1.726.290 minicontratos, ante 1.667.573 em agosto. Os minicontratos nada mais são do que uma versão reduzida dos contratos padrão da bolsa. Os mínis de Ibovespa tiveram 1.561.825 negócios em setembro para 1.529.792 no mês anterior. Os de dólar comercial futuro totalizaram 163.382 minicontratos para 135.544 em agosto.

Os investidores institucionais - fundações, fundos de investimento e seguradoras - seguiram na frente dos negócios na Bovespa, respondendo por 35,45% do volume total em setembro, ante 35,03% em agosto. Os estrangeiros ampliaram sua participação para 30,85% (28,18% em agosto), enquanto as pessoas físicas caíram de 27,10% para 24,25%. As instituições financeiras ficaram com 7,08% (7,66% em agosto) e as empresas, com 2,31% (1,97%).

Até setembro, o investidor estrangeiro havia comprado R$ 16,416 bilhões em ações de empresas brasileiras nos nove primeiros meses deste ano (ver abaixo). A maior parte desses recursos foi aplicada por meio de ofertas públicas de ações, que totalizaram R$ 13,314 bilhões. Vale lembrar que esse número ainda não inclui a megacapitalização da Petrobras, concluída em 6 de outubro. A participação dos estrangeiros nas ofertas de ações correspondeu a 53,9% dos R$ 24,695 bilhões colocados no mercado até o fim de setembro.

Os R$ 3,101 bilhões restantes foram investidos diretamente no pregão da Bovespa, em aquisições no chamado mercado secundário. Apenas em setembro, os estrangeiros compraram R$ 44,928 bilhões e venderam R$ 41,792 bilhões em ações, resultado em um saldo líquido positivo de R$ 3,135 bilhões.

O valor de mercado (capitalização bursátil) das 377 empresas listadas atingiu R$ 2,48 trilhões no fim de setembro, acima dos R$ 2,24 trilhões no fim de agosto, referente a 375 companhias. (Colaborou Angelo Pavini)