Título: Brasil terá 196 milhões de usuários móveis este ano
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 20/10/2010, Empresas, p. B2
O Brasil deve terminar este ano com 196 milhões de assinantes de celulares, numa alta de 12,6% em relação a 2009, se consolidando como o quinto maior mercado do mundo para telefonia celular, somente atrás da China, Índia, Estados Unidos e Rússia, de acordo com estimativas.
A União Internacional de Telecomunicações (UIT) anunciou ontem, por outro lado, que o número de internautas no mundo dobrou nos últimos cinco anos e ultrapassará a marca de 2 bilhões ao final do ano. Ou seja, um terço da população mundial tem acesso a web. Nos países em desenvolvimento, são 1,2 bilhão de pessoas.
No Brasil, se o crescimento de usuários da web continuar no ritmo do começo do ano, o país deverá fechar 2010 com cerca de 46 milhões de pessoas com assinatura e 57 milhões com acesso à rede global, segundo estimativas de técnicos do setor.
Um número maior de países, incluindo a Estônia, Finlândia e Espanha, declarou o acesso à internet como um direito legal dos cidadãos. A expectativa é de que isso leve a acesso mais veloz à web e também preços mais baixos.
De acordo com a UIT, o número de pessoas com acesso à internet em domicilio alcançará 1,6 bilhão em dezembro globalmente. Os outros 400 milhões usam a web em cafés, no escritório, nas escolas etc.
A multiplicação rápida de conteúdos e de aplicações na internet fazem com que a demanda por mais velocidade de rede aumente o tempo todo. As estimativas apontam para 555 milhões de assinantes de banda larga globalmente ao final do ano, ou 8% de penetração. Nos países em desenvolvimento, a taxa é de 4,4 assinantes por 100 pessoas, comparado a 24,6 nos países ricos.
A UIT avalia que os preços de banda larga continuam "proibitivos" em muitos países em desenvolvimento. No Brasil, segundo a entidade, o usuário pagava em 2009 o equivalente a 4,5% de sua renda mensal pela assinatura de banda larga, com o serviço sendo um dos mais caros entre 160 países avaliados.
A tendência de privilegiar as aplicações móveis de dados reflete uma explosão do número de torpedos, que triplicou nos últimos três anos para atingir a cifra vertiginosa de 6,1 trilhões este ano. São 200 mil torpedos enviados a cada segundo.
Considerando um custo médio de 0,07 centavos de dólar por torpedo, em 2010 o negócio gerado nesse segmento seria de US$ 812 mil a cada minuto. Os torpedos representaram em 2009 nada menos que 12% do faturamento total da maior companhia de celular da China. A UIT diz não dispor de números sobre o Brasil.
Por uma "cesta de preços de celular" (inclui o custo mensal da assinatura, 25 chamadas por mês e 30 torpedos) em 2009, o Brasil tinha o custo mais elevado, com US$ 44,2. Era três vezes mais que o valor médio pago pelos consumidores de países industrializados e em desenvolvimento, mas a entidade não faz estimativa sobre o preço atual.
Até o final do ano, a expectativa é de que haverá também 5,3 bilhões de assinantes de telefonia celular globalmente, para uma população mundial de 6,9 bilhões de pessoas.
Sem surpresa, o crescimento de telefonia celular está diminuindo. Há a saturação nos países ricos, com média de 116 assinantes por 100 pessoas. Ao mesmo tempo, o mercado está nos países em desenvolvimento, com alta de 53% em dezembro.
Atualmente, 940 milhões de pessoas já têm acesso aos serviços de terceira geração (3G), que permite um uso melhor e mais rápido dos dispositivos móveis. Mas alguns países tomam o rumo à quarta geração, a nova geração de plataforma sem fio, incluindo Suécia, Noruega, Ucrânia e Estados Unidos.
Nos países em desenvolvimento, a penetração de celular chegará a 68%, impulsionada pela Ásia. Índia e China somente terão 300 milhões a mais de usuários.