Título: Para candidata, denúncia beneficia banco alemão
Autor: Klein , Cristian
Fonte: Valor Econômico, 18/10/2010, Política, p. A8
A candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) comentou ontem a matéria publicada pela revista "Época" sobre uma das pessoas mais próximas a ela no setor elétrico, Valter Cardeal de Souza, diretor de planejamento e engenharia da Eletrobras. A ex-ministra da Casa Civil tratou a publicação como uma "fofoca" produzida por uma "central de boatos".
"Quem está falando isso está beneficiando o banco. O banco é um banco alemão que, como fez e aceitou um empréstimo com um aval ilegal, está querendo hoje ganhar essa questão [em] que ele errou - conseguiu um aval de um diretor que foi demitido. Aí o banco está alegando que as pessoas sabiam. Primeiro porque você não pode ter um aval de um diretor só. Segundo porque aval de pessoas ou de empresas estatais para privados é ilegal. Então o que o banco está fazendo é chorando. E o que a central de boatos está fazendo, ao invés de defender o Brasil, está defendendo banco estrangeiro", disse.
Valter Cardeal foi foco de duas denúncias no fim de semana. Segundo a "Época", Cardeal pode estar envolvido num esquema de emissão de garantias fraudulentas pela Companhia de Geração Térmica de Energia Elétricas (CGTEE), subsidiária da Eletrobras, a duas empresas brasileiras na obtenção de empréstimo para investimentos em usinas de biomassa no Rio Grande do Sul. Empresas públicas são proibidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal de dar aval internacional a empresas privadas.
A revista cita uma ação de indenização por danos materiais e morais do Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), banco de fomento controlado pelo governo alemão, contra a CGTEE. Na ação, o KfW diz que Cardeal teria conhecimento da emissão de garantias ilegais da CGTEE para as empresas Winimport e Hamburgo num empréstimo de 157 milhões. Em 2007, quando a Winimport deixou de pagar parte do financiamento, a KfW diz que soube que a estatal não tinha conhecimento do aval.
No domingo, a "Folha" trouxe novamente o nome de Cardeal à baila numa matéria sobre o trabalho de seu irmão, Edgar Luiz Cardeal, como consultor de empresas interessadas em investir em energia eólica. Em nota, Valter Cardeal diz que não há conflito de interesses entre as atividades de seu irmão e as suas, e que Edgar Luiz Cardeal não presta serviços a empresas da Eletrobrás. Segundo ele, o irmão trabalha em projetos de energia elétrica há mais de 42 anos e nenhum dos projetos em que ele atua faz parte de programas sob a sua coordenação. Cardeal não comentou a matéria da "Época". (Com Folhapress, de São Paulo)