Título: Teles retomam investimentos em cobertura de rede
Autor: Mahlmeister , Ana Luiza
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2010, Empresas, p. B3

Com a crise econômica mundial os investimentos em infraestrutura de rede fixa e móvel diminuíram mais de 10% no ano passado no Brasil. Mas agora as operadoras retomaram o ritmo. A GVT está ampliando sua cobertura no Estado de São Paulo e destinou 50% de sua receita para aplicação em rede. A TIM tem direcionado 20% da receita para essa finalidade, enquanto a Telefônica conta com uma infraestrutura estabilizada para oferta de serviços e investe apenas 8% da receita, diz Antonio Carlos Valente, presidente da operadora espanhola. A Telefônica reforçou sua rede de fibra óptica em 2010, com o treinamento de 200 equipes para conectar clientes interessados no serviço de alta velocidade. A empresa deve terminar o ano com 10 mil assinantes do serviço que está disponível em 400 mil domicílios de áreas nobres da região metropolitana de São Paulo, Santos e Campinas.

Entretanto, no Brasil existem pelo menos 20 provedores de internet de pequeno porte oferecendo acesso por meio de fibra óptica na casa do assinante. A afirmação é de Nelson Saito, gerente do departamento técnico de fibra óptica para domicílios da Furukawa. De acordo com o executivo, essas companhias têm entre 2 mil e 20 mil assinantes com redes de fibra. "Algumas delas ofereciam serviços de conexão Wi-Fi (banda larga sem fio) e perceberam uma oportunidade em investir na fibra óptica, incluindo condomínios de alto padrão", diz Saito.

Mas a Telefônica tem várias outras frentes de negócios para atuar. Ontem, Valente anunciou a criação de uma nova empresa da Telefônica que vai atuar em pesquisa e desenvolvimento. A companhia tem interesse em projetos em sete áreas: serviços financeiros, comunicação máquina a máquina, computação em nuvem (os usuários podem processar e armazenar informações em servidores remotos), vídeo, aplicações, segurança e saúde eletrônica. Ainda não há previsão de investimentos, argumentou o executivo, que participou da Futurecom, feira e exposição de telecomunicações que ocorre esta semana em São Paulo.

Entretanto, deverá ser a partir de 2011 que o mercado paulista deverá ficar mais movimentado. A partir do primeiro semestre, a GVT vai oferecer serviços no mercado residencial de São Paulo, com oferta de telefonia fixa, banda larga e TV por assinatura. A tele investiu R$ 1,5 bilhão este ano e prevê mais R$ 1,8 bilhão em 2011. Segundo o presidente da operadora, Amos Genish, o valor será destinado à ampliação da cobertura das 95 cidades onde a GVT está presente e na oferta de TV via satélite e por internet. Em agosto, a GVT lançou serviços em Jundiaí e Sorocaba, no interior paulista. Na próxima semana, anuncia cobertura em Campinas e Piracicaba, disponível em 30% dos domicílios, informa o vice-presidente de marketing e vendas da GVT, Alcides Troller.

A GVT conta com 1 milhão de clientes de banda larga e 4 milhões de telefonia fixa. Para ganhar mercado, a empresa lançou banda larga por 5 megabits por segundo a R$ 49,90, e 15 Mbps por R$ 79,90. A meta, segundo Genish, é chegar a R$ 5,33 por 1 Mbps. Só para se ter uma ideia da queda de preços, em 2004 a empresa oferecia o serviço de 1 Mbps por R$ 319.

As operadoras móveis, por sua vez, tem outros desafios pela frente. A TIM, que planeja investir R$ 7,3 bilhões em infraestrutura até 2012, tem seu crescimento limitado por escassez de frequências. Impedida de participar do leilão da banda H, que dá prioridade à entrada de novas empresas, a TIM pretende comprar "todas as sobras disponíveis", diz o presidente Luca Luciani. Segundo o executivo, a empresa reivindica junto à Anatel a liberação de faixas de frequência hoje usadas em serviços analógicos de TV, antes que a oferta de banda larga móvel chegue a um gargalo.

Para driblar o problema, a TIM quer firmar parcerias com pequenas operadoras e compartilhar rede de fibra óptica, além de explorar ao máximo a sua rede de segunda geração (2G). "Vamos continuar oferecendo serviços de acesso à internet e redes sociais em 2G, principalmente nas pequenas cidades", diz Luciani.

Em setembro, a TIM comemora a aquisição de 1 milhão de clientes, totalizando uma base 46,9 milhões de assinantes. A operadora ultrapassou a Claro em participação de mercado no Estado de São Paulo, com 24,76% ante 23,98 da Claro, segundo a Anatel. Luciani destaca que em 2011 a TIM continua apostando no acesso à internet para a classe C, além de inclusão digital por meio da banda larga móvel. Segundo o executivo, o país tem atraído investimentos e já é o quarto mercado de telefonia móvel no mundo. "Em um ano, o Brasil tem potencial de dobrar o atual tráfego de 100 minutos mensais por usuário", diz o executivo. (Colaborou Gustavo Brigatto)