Título: Atividade informal
Autor: Mainenti, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 22/07/2010, Economia, p. 18

A geração informal de riquezas no Brasil cresceu 61,9% entre 2003 e 2009. Nos cálculos da Fundação Getulio Vargas (FGV), a economia subterrânea saltou de R$ 357 bilhões para R$ 578,4 bilhões no período.

Proporcionalmente, entretanto, a atividade que passa ao largo dos custos do trabalho diminuiu de 21% do PIB para 18,4%. Segundo o economista Fernando de Holanda Barbosa, responsável pela pesquisa, essa aparente contradição se deve à expansão do Produto Interno Bruto (PIB) formal, que passou de R$ 1,7 bilhão para R$ 3,14 bilhões.

O recuo também ocorreu por causa da elevação da quantidade de pessoas com emprego formal, da expansão do crédito, da maior abertura comercial às importações e das simplificações tributárias nos últimos anos. Se a economia crescer ao redor de 7%, é factível que a economia subterrânea diminua para 18% do PIB no fim deste ano, disse Barbosa.

Na avaliação dos pesquisadores, a expansão econômica permite uma maior eficiência da produção e a formalização do mercado de trabalho.

Apesar da retração na informalidade, sua magnitude ainda preocupa. Nos 30 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o índice gira em torno de 10% do PIB. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, basta lembrar que a economia subterrânea do Brasil supera o PIB da Argentina, alertou André Franco Montoro Filho, diretor executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), que encomendou o estudo.

Para o presidente do Conselho Consultivo do Etco, o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, é preciso diferenciar as atividades ilegais, como o tráfico de drogas e de armas, das relacionadas a produtos e serviços legalizados, como o traabalho de camelôs.

Além disso, a renda gerada pela economia subterrânea acaba entrando no mundo formal.

Na avaliação do presidente do conselho consultivo do ETCO, Marcílio Marques Moreira, há que se diferenciar atividades relacionadas a produtos ilegais, como tráfico de drogas e armas, das de produtos legalizados, mas informais, como camelôs. Todos que compram um guarda-chuva de um ambulante é um pouco informal, afirmou. Além disso, há uma dificuldade de medir a renda gerada pela informalidade.

Parte dela volta para a economia.

Um ambulante, por exemplo, faz compras nos supermercados.

O governo recebe parte disso em arrecadação, disse Barbosa.