Título: Brasil crescerá 7,6%
Autor: Mainenti, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 22/07/2010, Economia, p. 18

Cepal admite que projeção para 2010 é ousada, mas mantém estimativa apesar dos sinais de desaceleração

OBrasil crescerá 7,6% em 2010. A previsão é da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), que divulgou ontem, no Chile, seu estudo econômico referente ao período 2009-2010. É uma projeção otimista, mas baseada no fôlego que a economia vem demonstrando este ano, disse ao Correio o economista Carlos Mussi, responsável na Cepal pela análise da situação brasileira. A estimativa foi feita com base nos indicadores divulgados no país até o início de maio, e, após o primeiro trimestre, houve uma desaceleração da economia.

Mas, segundo Mussi, essa diferença não alteraria significativamente a projeção da Cepal.

Para 2011, a Cepal prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 4,5%. Em parte, a estimativa de crescimento para o ano que vem é menor por um efeito estatístico (a economia brasileira está crescendo rápido porque a base anterior era baixa devido à crise). Além disso, há incertezas na economia internacional, disse Mussi.

Para toda a região da América Latina e Caribe, o crescimento estimado pela Cepal é de 5,2% este ano. O crescimento é mais alto do que se previa. Mas o desempenho é muito heterogêneo dentro da região. Destacam-se o Mercosul e os Estados que tiveram maior capacidade de implementar políticas públicas, afirmou a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, ao apresentar à imprensa o estudo em Santiago, no Chile.

Além do Brasil, as maiores taxas de crescimento são observadas no Uruguai (7%), no Paraguai (7%), na Argentina (6,8%) e no Peru (6,7%). A República Dominicana crescerá 6%; o Panamá, 5%; a Bolívia, 4,5%; o Chile, 4,3%; o México, 4,1%; a Colômbia, 3,7%; Equador e Honduras, 2,5%; Nicarágua e Guatemala, 2%. De acordo com o estudo, a Venezuela terá queda de 3% e o Haiti, de 8,5%, como consequência dos efeitos do terremoto que destruiu o país em janeiro deste ano.

O economista do Santander, Cristiano Souza, considera que as projeções da Cepal estão em linha com as do mercado para a região. O cenário para a América Latina é bom. Foi o continente menos afetado pela crise, disse. Para o Brasil, o Santander prevê um crescimento de 7,8%. No Brasil, a demanda interna é o grande fator de estímulo ao crescimento, destacou Souza.