Título: PCdoB quer manter Esportes e PP, além de Cidades, pede Transportes
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2010, Política, p. A5

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra (SE), que conclui hoje a primeira rodada de conversa com os presidentes dos partidos para a formação do futuro ministério, deixou claro aos dirigentes que todos os pleitos são legítimos dentro do espírito da coalização de governo, mas a palavra final será da presidente eleita, Dilma Rousseff. "O critério é político, seguindo a representação dos partidos, não há como inventar a roda. Mas quem tem mandato, escolhido pela maioria do povo brasileiro, é a presidente Dilma. Não haverá nomeação de ministros por pressão dos partidos", disse Dutra. Ele já conversou com o PMDB, PSB, PSC, PCdoB, PP, PTC, PDT e estará hoje com PR, PRB e PTN. Até o momento, a intenção expressa por todos é pelo menos manter o atual espaço ocupado na Esplanada dos Ministérios. A primeira legenda a manifestar esse desejo foi o PMDB, que conta com seis ministros. O PCdoB avisou ontem que pretende continuar à frente do Ministério do Esporte, Pasta que ganhará mais importância nos próximos anos pela proximidade da Copa de 2014 e das Olimpíadas Rio 2016. "Ajudamos a construir um ministério que não existia, primeiro com o companheiro Agnelo Queiroz [governador eleito pelo PT-DF] e agora com o ministro Orlando Silva", disse o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo.

O PP, que hoje ocupa a Pasta das Cidades, com o ministro Márcio Fortes, espera ampliar um pouco mais sua participação. O partido sonha com um ministério na área de infraestrutura - o ideal seria os Transportes, atualmente ocupado pelo PR, mas cobiçado pelo PMDB (Henrique Meirelles, atual presidente do Banco Central) teria conversado com Dilma e o comando partidário para assumir a Pasta no próximo governo) e pelo PT, que reclama não ter comando em nenhuma Pasta que concentre as ações do PAC.

O presidente nacional do PP, Francisco Dornelles (RJ), afirmou, contudo, não ser bom negociar "com a faca no pescoço ou fazer exigências". Na conversa com Dutra, expressou que o partido ficaria muito feliz se Dilma escolhesse um de seus representantes para ocupar um cargo na Esplanada. "Estaremos sempre dispostos a conversar com ela", ressaltou o senador fluminense.

Ex-líder da bancada na Câmara e um dos principais defensores da aliança com o PT durante as eleições, o deputado Mário Negromonte (PP-BA) acha que o fato de a legenda não ter se coligado formalmente com Dilma não a coloca em desvantagem na briga pelos cargos. "Fizemos uma declaração de apoio mas não formalizamos para salvaguardar alguns companheiros que pensavam diferente. Mas Dilma sabe que a maioria de nós estava com ela".

Além da briga por cargos, os dirigentes partidários também apresentaram propostas para o futuro governo. O PCdoB, por exemplo, quer um câmbio "mais sujo, menos flutuante e dependente do mercado" para evitar a desvalorização do Real. Já o PP quer a criação do Conselho de Defesa Comercial, a desoneração de investimentos e exportações e a redução a zero das alíquotas do PIS/Cofins do saneamento.