Título: China assume posição firme em defesa do yuan
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Fonte: Valor Econômico, 11/11/2010, Especial, p. A 14
A China deve se manter firme contra qualquer tentativa de forçar a apreciação rápida de sua moeda, o yuan. Para a maioria dos analistas, as últimas ações dos EUA, como a injeção de liquidez de US$ 600 bilhões, servem como argumento para os líderes chineses de que Washington usa de políticas cambiais do mesmo modo que os chineses - sendo assim, por que Pequim teria de desistir da sua política?
"Os EUA devem se dar conta de sua responsabilidade e obrigações como país emissor de moeda de reserva e adotar políticas macroeconômicas responsáveis", disse o vice-ministro Zhu Guangyao, em entrevista para apresentar a posição chinesa na cúpula do G-20.
Zhu disse que a medida do Fed provocará liquidez excessiva nos emergentes. Para ele, ao contrário de 2008, quando os EUA adotaram ação semelhante, o mundo não precisa de mais capital, e sim de confiança.
Pequim ganhou aliados importantes nessa discussão. O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, disse no fim de semana que "os americanos acusam os chineses de manipular a moeda e logo, com a ajuda das impressoras de seu BC, baixam artificialmente o dólar".
A China também rejeitou a recente proposta americana de um limite para superávit ou déficit em transações correntes. Para Zhu, os desequilíbrios mundiais ocorrem por motivos estruturais, e a correção levará tempo.
Segundo Yao Yang, diretor do Centro de Pesquisas Econômicas da Universidade de Pequim, em um artigo no "Financial Times", há uma pressão interna muito forte na China para que os líderes do país tomem uma posição forte. "A ironia é que até mesmo muitas multinacionais estão na prática fazendo lobby contra a reavaliação rápida. Cinquenta e cinco por cento das exportações da China são originadas de empresas estrangeiras", disse ele.
Yao afirma que a China deve se manter firme ante as pressões externas e que isso só deve mudar se houver retaliação forte por parte dos parceiros comerciais. Mas "a visão de longo prazo na China é de que os EUA e seus aliados não têm a vontade de punir, mesmo que possam ter os meios", disse o professor em seu artigo.
"Os líderes chineses acreditam que, quando a poeira política das eleições de meio de mandato abaixar, os americanos vão ver que se beneficiem dos bens baratos que um yuan fraco oferece. Eles também ganham pouco se houver uma valorização.
Pesquisas sugerem que mesmo uma valorização de 20% terá um impacto mínimo sobre a economia dos EUA. A China, por outro lado, vai ver o emprego e o PIB cair mais de três pontos percentuais. Não é à toa que há uma crença firme entre as elites da China de que os políticos americanos não são sérios sobre a apreciação, já que não faz sentido infligir custos a outros sem ganhos", disse o acadêmico chinês.
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