Título: Proposta brasileira de controle de capital é atenuada
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 09/11/2010, Internacional, p. A11

O Brasil conseguiu jogar na discussão do Plano de Ação do G-20 o direito dos emergentes de impor controle de capital para se proteger de enormes fluxos de capital externos, mas as tentativas de "aguar" a ideia não tardaram.

O país propôs que o texto diga que "as economias emergentes enfrentando desestabilização nos fluxos de capital devem recorrer a instrumentos macroprudenciais para mitigar seu impacto". Isso implica desde alta de compulsório a controle na entrada de capital.

O documento em negociação acolheu a ideia brasileira, mas numa linguagem atenuada. "Emergentes enfrentando amplos fluxos de capitais poderiam considerar regulações macroprudenciais, assegurando que não têm consequências negativas para outras economias". Entre "pode" e "poderia considerar" há uma distância.

Um participante considerou, porém, que a proposta brasileira não foi "aguada", porque está sendo discutida uma referência a controle de capital em duas partes do documento dos líderes do G-20. Também a Coreia do Sul, anfitriã do G-20, avisa que vai adotar medidas para frear a entrada de capitais e conter o impacto do afrouxamento monetário nos EUA, pelo qual investidores pegam dólar barato e investem nos emergentes a ponto de criar bolhas no mercado. Os coreanos dizem estar apenas aguardando o fim do G-20. Levantamento do Instituto de Finanças Internacionais (IIF) mostra que a reação se propaga em outras regiões (veja quadro ao lado). (AM)