Título: Alckmin mantém secretários de Serra
Autor: Agostine, Cristiane; Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2010, Política, p. A6

De São Paulo O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou ontem os quatro primeiros nomes que vão compor o seu secretariado a partir de 2011, quando tomará posse. Na Casa Civil, cargo estratégico da administração, o tucano escolheu Sidney Beraldo, ex-secretário de José Serra (PSDB), coordenador da campanha de Alckmin e da equipe de transição. Responsável pela articulação política do futuro governo, Beraldo tem bom trânsito com os aliados de Alckmin e de Serra.

Ao divulgar nomes do futuro governo, Alckmin sinalizou que pretende manter uma das principais conquistas de sua campanha: a união do partido em torno de seu nome. Dos quatro secretários indicados, dois fizeram parte do governo Serra. Ao aproximar-se dos grupo "serrista" do partido, Alckmin tenta reforçar-se politicamente no comando do PSDB estadual e nacional.

"Já estou me apresentando como "híbrido"", brincou Beraldo ontem, ao comentar sua proximidade tanto com os aliados de Serra quanto os de Alckmin. Na gestão Serra, ele foi secretário de Gestão e responsável pelas negociações com servidores públicos. Beraldo assumirá no lugar de Luiz Antônio Marrey. O tucano presidiu o PSDB estadual e a Assembleia Legislativa no mandato anterior de Alckmin. Com forte ligação aos "serristas", foi indicado como suplente da chapa de Aloysio Nunes Ferreira na disputa pelo Senado, mas cedeu o posto ao PMDB, depois que Orestes Quércia (PMDB) retirou sua candidatura ao Senado.

Além de Beraldo, o governador recém-eleito anunciou a manutenção de Linamara Rizzo Battistella na Secretaria da Pessoa com Deficiência. Na Saúde, Alckmin escolheu o médico Giovanni Guido Cerri, diretor da Faculdade de Medicina da USP, que tem boa relação com Serra. Cerri era ligado ao ex-secretário da Pasta Luiz Roberto Barradas Barata, morto neste ano. Ele assumirá no lugar de Nilson Ferraz Paschoa. Para a Casa Militar, o tucano indicou o coronel Admir Gervásio, corregedor da Polícia Militar, com 35 anos de carreira na instituição. Gervásio ficará no cargo ocupado atualmente por Luiz Massao Kita.

No anúncio dos futuros secretários, Alckmin demonstrou a intenção de fazer uma transição de governo mais suave do que fez José Serra, quando assumiu o comando do Estado em 2007. "Vou manter e ampliar todos os programas [da atual gestão], e inovarei", declarou.

Serra assumiu depois de cinco anos de governo Alckmin com o anúncio de revisão e renegociação dos contratos do governo estadual, a redução das despesas com cargos comissionados, a adoção obrigatória do pregão eletrônico e anunciou um pente-fino na folha de pagamentos, sugerindo a existência de funcionários fantasmas. Os decretos foram divulgados no primeiro dia do governo Serra.

Ontem, Alckmin elogiou a atual equipe de governo e disse que poderá manter outros secretários. O recém-eleito, no entanto, mostrou que pretende diferenciar-se de seu antecessor. Alckmin disse que "provavelmente " extinguirá algumas das 26 secretarias e anunciou a criação da Secretaria de Gestão e Desenvolvimento Metropolitano, uma espécie de "super Pasta" com recursos para as áreas de Habitação, Saneamento e Transporte dos municípios que concentram o maior contingente populacional do Estado. "Será um governo de continuidade, de continuísmo, mas com inovações", comentou Beraldo, da equipe de transição.

O governador eleito deve retomar projetos que marcaram sua gestão nas areas de Educação, Habitação e Transportes, segundo integrantes da equipe de transição. Alckmin esteve à frente do governo entre 2001e 2006, quando deixou o cargo para disputar a Presidência da República.

Os outros secretários que vão compor a equipe devem ser anunciados até o início de dezembro. "Estamos ouvindo os partidos", disse o governador eleito. Ontem Alckmin reuniu-se com o PPS. O DEM, que ocupa a vice com Guilherme Afif Domingos, e o PV também negociam cargos.