Título: PMDB forma bloco na Câmara para disputar Mesa
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Fonte: Valor Econômico, 17/11/2010, Política, p. A7

Folhapress, de Brasília

Sem avisar o PT, o PMDB selou um acordo ontem com mais quatro partidos da base aliada PP, PR, PTB e PSC - para a formação de um bloco parlamentar, com o objetivo de garantir espaço no próximo governo e ganhar forças na disputa pelo comando da Câmara.

Segundo líderes, o bloco terá 202 integrantes, maior numericamente que o PT, que elegeu 88 deputados. PMDB e PT concordam em dividir os quatro anos em dois períodos na presidência da Câmara, mas disputam o primeiro biênio. O PT quer ainda o revezamento no Senado, e o PMDB não quer.

"Esse bloco não é para confrontar, é para organizar o trabalho nesta Casa e fora dela, na composição do governo", disse o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), candidato à presidência da Câmara. "Se o PT quiser entrar [no bloco] tem que concordar com nossas premissas. Estamos pedindo respeito. Ninguém toma nada de ninguém", afirmou.

Pelas normas da Casa, o maior partido tem o direito de reivindicar a presidência, assim como tem prioridade no comando das comissões e na formação da Mesa. Um bloco tem o mesmo peso que um único partido.

Com a união das cinco legendas, o PMDB deve ganhar os votos dos demais partidos na eleição da Câmara, em fevereiro.

Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo e concorrente de Alves na disputa pelo comando da Casa, disse ter sido informado do bloco pela imprensa, o que gerou troca de farpas entre os aliados. "Acho que é muito cedo para qualquer formação", afirmou o petista.

Petistas ficaram incomodados de o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), não ter informado ao PT sobre a ofensiva peemedebista na Câmara. A ideia dos petistas é procurar outros partidos da base, como PSB, PCdoB e PDT. Os três, com o PT, ficariam apenas com 165 deputados.

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, atenuou o risco de divisão da base aliada. Um dos coordenadores da equipe de transição do futuro governo, Dutra disse que Dilma vai trabalhar para manter a unidade da base. Segundo Dutra, "movimentações de partidos são naturais".

A formação de bloco tem mais a ver com a divisão de forças na Câmara e no Senado do que com a definição dos assuntos do Executivo. "Estamos trabalhando para evitar qualquer tipo de questão, conversando com todos os líderes, independentemente dos blocos, porque eles dizem respeito à ocupação de espaços no parlamento. Não significa necessariamente que a definição de assuntos do Executivo passe por esses blocos", disse o presidente do PT.

Dutra afirmou que o PT mantém a posição de não criar uma disputa interna com o PMDB para as eleições das mesas da Câmara e do Senado. No entanto, ele espera que a tradição das duas casas seja mantida e presidências fiquem com os partidos com as maiores bancadas.