Título: Private equity, "a menina dos olhos"
Autor: Durão, Vera Saavedra; Magalhães, Heloisa
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2010, Especial, p. A13

Do Rio

O diretor de participações da Previ, Marco Geovanne Tobias da Silva, também participou da entrevista de Flores ao Valor. Administrador de um portfólio de renda variável de R$ 90 bilhões, ele está muito envolvido no momento com a gestão dos fundos de private equity, um novo nicho de investimentos da Previ, que vem se transformando na "menina dos olhos" do fundo de pensão, no qual já tem aplicado R$ 800 milhões.

A Previ participa como cotista em fundos de private equity para infraestrutura, logística, biotecnologia e tecnologia da informação. E também no setor sucroalcooleiro, educacao, setor imobiliário e crédito de carbono. Na infraestrutura, Geovanne destaca o FIP InfraBrasil e o FIP Logística.

"Estamos sendo procurados por investidores estrangeiros do mundo inteiro para negócios na infraestrutura e em outros setores. Há muitas oportunidades de negócios no Brasil. O país está bem e atraindo gente do mundo inteiro que quer fazer parceria ou estar junto com os grandes investidores institucionais locais. Nossa gama de negócios tende a ampliar cada vez mais", comemora.

Como Flores, o diretor de participações também se caracteriza pela prudência e cautela ao falar sobre a discussão de ajustes na Vale. "É importante lembrar que a Vale é a segunda maior mineradora do mundo, a maior empresa da América Latina. Exige um nível alto de profissionalização. Qualquer discussão a respeito de ajustes na empresa tem que ser tratada de uma maneira profissional", enfatiza.

Depois de passar pela crise, a pauta atual de negócios da Vale é vista pelo diretor de participações da Previ como bastante desafiadora. "Com o volume de investimentos quase dobrando para 2011, na casa dos US$ 24 bilhões, a Vale vai investir para atender a demanda crescente dos países emergentes, incluindo aí novas fronteiras de negócios, no caso os fertilizantes".

Além da Vale, o maior investimento da Previ, o entusiasmo de Geovanne também é grande pelo setor de infraestrutura, um dos focos da fundação na atual gestão. Ele destaca os ativos do setor elétrico como CPFL e Neoenergia, onde a Previ tem participação destacada. "O setor elétrico é bom pagador de dividendos, é defensivo e tem tudo que um fundo de pensão precisa, pois as empresas geram caixa no longo prazo para poder financiar o pagamento dos benefícios de 179 mil famílias".

Ele informou que a Previ não pensa em vender nenhum de seus ativos do setor elétrico, mas quer extrair maior valor da CPFL e da Neoenergia, que estão um do lado do outro. "A CPFL é uma companhia aberta, tem acionistas minoritários, então qualquer estratégia que a Previ for adotar para fortalecer a empresa terá que fazer uma coisa transparente e que agregue valor aos acionistas".

Em relação a Neoenergia, o diretor de participações da Previ não descarta a possibilidade da empresa vir a abrir capital na BM&FBovespa. "A Neoenergia ainda não abriu capital mas pode ser uma oportunidade, vamos avaliar o comportamento do mercado de capitais". Ele sinaliza também com um IPO para a Invepar, a empresa de transportes controlada pela Previ, que tem como acionistas a Petros, a Funcef e a OAS.

No caso da recente entrada da Portugal Telecom na OI, ele considera que será bom para a empresa, gera valor, reduz o endividamento e permite capacidade de investimento. (VSD e HM)