Título: Lula defende Doha, mas não entusiasma líderes
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Fonte: Valor Econômico, 12/11/2010, Internacional, p. A11

O G-20, que junta as maiores economias do planeta, defenderá hoje que os países intensifiquem negociações em 2011 para tentar concluir a Rodada Doha de liberalização comercial.

A mensagem foi duramente negociada, porque os EUA insistem que só aceitam acordo se o pacote for reaberto para obter mais vantagens para suas exportações para os países emergentes. Brasil e Índia não aceitam pagar mais sem receber em troca.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o jantar dos líderes, ontem, na abertura da cúpula para defender a conclusão da negociação global. Isso um dia depois de seu ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, ter excluído as chances de acordo num futuro previsível, diante da posição americana, numa avaliação que não está distante da realidade.

O apelo de Lula não causou entusiasmo entre os líderes, embora se saiba que o único realmente contrário à conclusão da rodada, pelo menos nos termos atuais, seja o americano Barack Obama.

Para se ter uma ideia da dificuldade americana de negociar, o país não conseguiu esta semana fechar sequer um acordo com a Coreia do Sul, que já estava praticamente fechado havia meses.

O texto que os líderes do G-20 vão endossar hoje instrui seus negociadores a tentar acelerar as barganhas.

"Agora devemos concluir o "end game" ", diz o documento final, ao qual o Valor teve acesso.

"Depois do resultado alcançado, nos comprometemos a buscar ratificação onde necessário, em nossos respectivos sistemas", diz o texto.

Os líderes do G-20 também vão reiterar o compromisso de resistir ao protecionismo comercial - algo que na prática vem sendo ligeiramente desrespeitado pelos países. (AM)