Título: Nos Estados, PSDB lidera e PSB ultrapassa PMDB e PT
Autor: Agostine ,Cristiane ; Lima , Vandson
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2010, Politica, p. A13

Eleições: Partidos aliados a Dilma elegem 16 governadores

Além de contar com a maioria dos parlamentares na Câmara dos Deputados e no Senado, a próxima presidente da República, Dilma Rousseff (PT), terá 16 aliados nos Estados, número maior do que teve o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao conquistar a reeleição, em 2006. Os governadores da base aliada estarão espalhados em quatro Estados mais o Distrito Federal sob o comando do PT, em cinco Estados controlados pelo PMDB e em seis com o PSB à frente.

O resultado das eleições estaduais também é favorável ao principal partido da oposição, o PSDB. Derrotado na disputa presidencial, os tucanos governarão oito Estados, o maior número entre os partidos no país, e terá influência política sobre a maior parcela da população brasileira nos próximos quatro anos. Juntos, os oito Estados somam 59,6 milhões de pessoas, quase um terço do total dos habitantes. O partido terá pelo menos um governador em cada região. Em 2006, o PSDB havia eleito seis governadores.

Sob seu comando estarão os dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo, com Geraldo Alckmin, e Minas Gerais, com Antonio Anastasia. No primeiro turno, o partido conquistou também o governo de Tocantins, com a vitória de Siqueira Campos. No segundo turno, o partido venceu quatro das cinco disputas que participou e ganhou do PT o governo do Pará, onde a governadora Ana Julia tentava a reeleição, mas perdeu para Simão Jatene. O Estado é o maior colégio eleitoral da região Norte. O PSDB comandará Goiás, com Marconi Perillo; Paraná, com Beto Richa; Roraima, com José de Anchieta Jr. e Alagoas, com Teotônio Vilela.

Depois do PSDB, o maior vitorioso nas disputas estaduais foi o PSB, segundo partido a ter mais governadores, somando seis nomes. O número é o dobro do que o partido elegeu em 2006. A força partidária estará concentrada na região Nordeste, onde elegeu três governadores.

O PSB foi a três disputas estaduais em segundo turno e venceu todas. Na Paraíba, Ricardo Coutinho venceu José Maranhão (PMDB); no Piauí elegeu Wilson Martins e no Amapá, Camilo Capiberibe superou Lucas Barreto (PTB). Barreto foi o primeiro colocado no primeiro turno e a disputa estadual teve a única virada desta eleição.

O PSB já havia conquistado no primeiro turno Ceará, Pernambuco - com Cid Gomes e Eduardo Campos, respectivamente, ambos reeleitos - e Espírito Santo, com Renato Casagrande. O partido governará para 28, 3 milhões de habitantes, 15% da população do país.

O PMDB, que em 2006 elegeu o maior número de governadores, sete, divide agora a terceira colocação com o PT, com cinco eleitos. O partido disputou o segundo turno em três Estados : Goiás, Paraíba e Rondônia, vencendo apenas neste último, com Confucio Moura, que superou João Cahulla (PPS) em 17 pontos percentuais.

O PMDB venceu, em primeiro turno, no Maranhão, com Roseana Sarney; no Mato Grosso do Sul, com André Puccinelli; e no Rio de Janeiro, com Sérgio Cabral - todos reeleitos. No Mato Grosso, ganhou com Silval Barbosa, que foi vice de Blairo Maggi (PR) na última gestão. Barbosa assumiu o governo quando Blairo Maggi resolveu concorrer ao Senado. O PMDB governará 16% da população (29, 2 milhões de habitantes).

A maior diferença percentual entre o primeiro e o segundo colocados neste segundo turno foi conquistada por Agnelo Queiroz, do PT, no Distrito Federal, que venceu Weslian Roriz (PSC) com 32,2% dos votos de diferença: 66,1% contra 33,9%. O PT havia conquistado outros quatro governos estaduais em primeiro turno. Manteve o mesmo número que já tinha em 2006, mesmo tendo aberto mão da disputa em vários Estados, por conta da ampla coligação firmada no plano nacional.

Completam o quadro de governadores petistas, Tião Viana, no Acre; Jaques Wagner, na Bahia; Tarso Genro, no Rio Grande do Sul; e Marcelo Déda, em Sergipe. O partido não conquistou nenhum governo na região Sudeste, mas ainda assim governará para 17% da população, ou 32,1 milhões de pessoas, números menores apenas que os do PSDB.

No plano estadual, O DEM saiu da disputa eleitoral maior do que entrou, com a vitória do partido no Rio Grande do Norte, com Rosalba Ciarlini, e em Santa Catarina, com Raimundo Colombo. O partido não disputou nenhum Estado no segundo turno. Em 2006, o partido elegeu o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, que saiu do governo no ano passado, envolvido em escândalos de corrupção. No entanto, o partido minguou no Congresso, com a redução da bancada da Câmara federal, de 65 eleitos há quatro anos para 43 parlamentares nesta eleição. Cerca de 5% da população estará sob sua tutela nos próximos quatro anos.

O único partido que não tinha qualquer governo estadual e agora integra o time é o PMN, que conquistou o governo de Amazonas, com Omar Aziz.

A divisão de forças entre os partidos nos governos estaduais é a mais equilibrada já alcançada desde a redemocratização. Em 1990, três partidos, PMDB, PSDB e DEM, detinham os governos de todos os Estados da federação. Só o DEM comandava nove Estados. Em 1998, a base aliada do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que então incluía o PMDB, estava à frente de 19 Estados, enquanto a oposição ficava com cinco.

Com a vinda do PMDB para a base do governo do presidente Lula, pela primeira vez uma coalizão de centro-esquerda faz a maioria dos governos estaduais, ao passo que PSDB e DEM conseguiram crescer, mesmo estando na oposição e com suas bancadas na Câmara Federal tendo diminuído.