Título: Agnelo vence no Distrito Federal com 66% dos votos
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2010, Politica, p. A14

Eleições: Ex-ministro do Esporte teve quase o dobro de votos de sua adversária Weslian Roriz (PSC)

Em eleição marcada por forte influência da Lei da Ficha Limpa, o Distrito Federal escolheu o petista Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte do governo Luiz Inácio Lula da Silva, governador pelos próximos quatro anos, confirmando o favoritismo apontado pelas pesquisas de intenção de voto.

Agnelo venceu com 875.612 votos (66,10%), quase o dobro de sua adversária, Weslian Roriz (PSC), que teve 449.110 votos (33,90%). Neófita na política, Weslian foi lançada candidata nove dias antes do primeiro turno, como substituta do marido, o ex-governador do DF (por quatro vezes) Joaquim Roriz (PSC), considerado inelegível pela Lei da Ficha Limpa por ter renunciado ao Senado, em 2007, para escapar de processo que poderia levar à cassação. Na urna eletrônica, era a foto do ex-governador que aparecia.

É a segunda vez que o PT vai governar o DF. A primeira vez foi com Cristovam Buarque (1995-99). Com a vitória, Agnelo espera ter derrotado o "rorizismo", esquema político implantado pelo ex-governador - que, de alguma forma, esteve ligado aos escândalos de corrupção na capital. O último deles revelou pagamento de propina a políticos e levou o então governador, José Roberto Arruda (então no DEM), à prisão, por suposta tentativa de suborno de testemunha. O esquema foi denunciado por Durval Barbosa, que integrou os governos Roriz e Arruda.

Desde então, o Distrito Federal mergulhou numa crise política. O governador foi afastado, o então vice-governador Paulo Octávio (DEM) renunciou, e o cargo foi ocupado pelo presidente da Câmara Legislativa. Em abril, Rogério Rosso (PMDB), atual governador, foi eleito pelo voto indireto dos deputados distritais para um mandato tampão.

Agnelo, porém, foi eleito numa aliança do PT com o PMDB, tendo como vice o deputado federal Tadeu Filipelli (PMDB), ex-rorizista do grupo mais próximo ao ex-governador Roriz. Agnelo foi militante do PCdoB por 20 anos e migrou para o PT, em 2008, para tentar viabilizar sua candidatura a governador.

As duas obras para a Copa do Mundo de 2014 - o novo estádio Mané Garrincha e uma linha de VLT (veículo leve sobre trilhos), que vai ligar o aeroporto ao plano piloto - são preocupações imediatas do governador eleito, que quer apressar a transição. Agnelo quer implantar o VLT, mas defende auditoria para verificar se houve ou não irregularidades na licitação, realizada na gestão de Arruda.

Quanto ao estádio, que está sendo reformado para ter 68 mil lugares, o futuro governador quer uma definição da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sobre a abertura ou não do mundial em Brasília. Se a resposta for negativa, Agnelo defenderá que o novo estádio tenha 42 mil lugares, e não 68 mil, para não se tornar um "elefante branco".

Agnelo prometeu renegociar as dívidas dos servidores, corrigir anualmente os salários dos professores com base na variação do Fundo Constitucional do Distrito Federal, implantar a coleta seletiva de lixo, equiparar o auxílio-alimentação da administração direta com o valor pago pelo governo federal (ampliando de R$ 199 para R$ 304) e criar a bolsa universitária para bombeiros sem curso superior.