Título: Lula descarta suceder Kirchner na Unasul
Autor: Rittner , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2010, Politica, p. A8
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descarta assumir a secretaria-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) após deixar o Palácio do Planalto, garantiu seu assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, que participou ontem de uma conferência em Buenos Aires.
Lula tem sido um dos nomes mais mencionados para suceder o ex-presidente argentino Néstor Kirchner, morto há três semanas, que havia sido escolhido em maio para o cargo.
Sem confirmar as articulações para levar Lula à Unasul, o assessor presidencial frisou, no entanto, que "não há nenhuma possibilidade de isso acontecer". De acordo com ele, o exercício da função "comprometeria" a vontade de Lula de continuar percorrendo o Brasil e de participar da política interna.
A negativa do brasileiro abre caminho para a postulação de dois ex-presidentes: o uruguaio Tabaré Vásquez e a chilena Michele Bachelet. Contra Bachelet pesam dois fatores: ela assumiu em setembro a chefia de uma nova agência das Nações Unidas dedicada especialmente às mulheres e é de um partido de oposição ao atual presidente do Chile, Sebastián Piñera. A indicação à secretaria da Unasul requer a aprovação de todos os países-membros e isso poderia provocar constrangimento a Piñera.
Já o presidente do Uruguai, José Mujica, vê com simpatia a eventual indicação de seu antecessor, Tabaré Vásquez, segundo uma alta fonte da diplomacia uruguaia ouvida pelo Valor. Mas o diplomata ressaltou que não há nenhuma articulação concreta, por enquanto, sobre o tema.
A próxima reunião de cúpula da Unasul está marcada para o dia 26, em Georgetown (Guiana). Até agora, somente sete dos 12 países que a integram ratificaram sua adesão formal à comunidade de nações sul-americanas. O Congresso brasileiro ainda não ratificou o tratado.
Segundo um funcionário do governo brasileiro que acompanha o assunto, ainda não há nenhum candidato definido à secretaria-geral e a decisão deve surgir a partir de um consenso nas discussões. Para esse funcionário, ainda não está claro se o sucessor de Kirchner terá um papel político ou mais técnico.