Título: BNDES tem crédito para os aterros
Autor: Adeodato , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2010, Especial, p. F5

Além do maior prazo de financiamento em relação às suas operações normais, podendo chegar a 15 anos, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) começará a aceitar o terreno como contrapartida para a liberação de crédito a novos aterros sanitários. "O crescimento da demanda será exponencial com as diretrizes da lei de resíduos e é intenso o ritmo de consultas que recebemos de grandes grupos econômicos que se preparam para esses investimentos", revela Luís Inácio Dantas, diretor do Departamento de Saneamento Ambiental.

Como termômetro desse movimento, 20% de toda carteira de ativos do banco para projetos dessa categoria, no total de R$ 250 milhões, diz respeito a duas operações que devem ser aprovadas neste ano, envolvendo sete aterros sanitários, com investimento total de R$ 100 milhões. "O ambiente de regulação ambiental pressiona os projetos", analisa Dantas.

Existe a expectativa de que a lei de resíduos em fase de regulamentação estabeleça incentivos e outros caminhos financeiros para que os municípios substituam lixões por aterros sanitários. Os empreendedores enxergam o mercado de crédito de carbono no longo prazo, quando houver nas áreas estoque suficiente de gás metano apto a ser explorado para gerar energia.

De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, existem no Brasil 36 aterros aprovados pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), representando uma redução anual de 11,3 milhões de toneladas de carbono, mediante o aproveitamento energético do metano. No mundo, são mais de 120 aterros contemplados e é crescente a disponibilidade de fundos financeiros para os empreendimentos. O Banco Mundial financia 150 aterros sanitários, com investimento total de US$ 3,5 bilhões.

Em outra frente, o BNDES realizou duas chamadas públicas para seleção de projetos de cooperativas de catadores, em 2007 e 2008. Foram ações pontuais voltadas para geração de emprego e renda, totalizando o desembolso a fundo perdido de R$ 31 milhões para 41 operações - média inferior a R$ 1 milhão por cooperativa. A linha de crédito se destinou à compra de máquinas, construção de galpões para triagem e capacitação dos cooperados. (S.A.)