Título: Cresce pressão para que entrega de propostas seja adiada
Autor: Teixeira , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 25/11/2010, Brasil, p. A4

A pressão aumentou nos últimos dias para que a entrega de propostas para o trem-bala, prevista para segunda-feira, tenha data prorrogada. Os representantes da indústria ferroviária vão se reunir em Brasília com o governo para defender a necessidade de nova data. O pedido de encontro, feito ontem pela Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), foi encaminhado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pelo leilão. A audiência será realizada hoje.

O encontro com a ANTT, segundo o presidente da Abifer, Vicente Abate, é mais uma tentativa para sensibilizar o governo sobre a necessidade de se aprofundar discussões técnicas relacionadas ao projeto. O prazo, segundo as empresas, foi prejudicado pelo calendário eleitoral e a demora do governo em detalhar os critérios de financiamento da obra.

Nos bastidores, os consórcios interessados no leilão têm ventilado a hipótese de não participarem da disputa caso a data não seja adiada. O governo, no entanto, acredita que se trata apenas de jogo de cena e que, no instante final, os consórcios entrarão no leilão. "O único interesse dessa pressão é para ver se o governo cede mais algum benefício para quem vencer a disputa", diz uma fonte próxima à coordenação do projeto.

O projeto de R$ 33,1 bilhões já passou pelo crivo do Tribunal de Contas da União (TCU), que decidiu aprovar, com ressalvas, o primeiro estágio do acompanhamento da concessão. Foram 18 meses de análise e mais de uma dezena de reuniões técnicas para ajustar o projeto, o que culminou na recomendação de que a tarifa-teto entre Rio e São Paulo fosse reduzida de R$ 217 para R$ 199. Na semana passada, contudo, uma denúncia contra o edital do trem-bala foi encaminhada ao TCU. Nesta semana, mais documentos foram anexados à denúncia, cuja investigação corre em sigilo de justiça.

O presidente da ANTT, Bernardo Figueiredo, afirma que não recebeu recomendação do governo para que o leilão seja protelado. "Somos executores das ordens do Ministério dos Transportes, e até agora não houve qualquer sinalização para que mudemos o cronograma." Procurado pelo Valor, o Ministério dos Transportes informou que não há mudança prevista para a realização do leilão.