Título: Dilma convida Bernardo, Palocci e Cardozo
Autor: Ulhôa , Raquel ; Costa , Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 25/11/2010, Politica, p. A13

A presidente eleita, Dilma Rousseff, já convidou para integrar seu ministério os deputados Antonio Palocci (PT-SP) e José Eduardo Cardozo (PT-SP) e o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, sem no entanto definir a Pasta que caberá a cada um. O cenário considerado ontem mais provável tinha Cardozo na Justiça, Palocci na Casa Civil e Paulo Bernardo na Previdência. Neste caso, quem iria para a Secretaria Geral da Presidência seria Gilberto Carvalho, atual chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Indicada a equipe econômica, na próxima semana a presidente eleita deve escolher os nomes dos ministros com cadeira no Palácio do Planalto. Depois disso é que serão escolhidos os ministros da cota dos partidos que integram a coalizão governista.

O PMDB, por exemplo, já indicou os nomes que pretende ver no ministério. Falta Dilma definir quais e quantas Pastas caberão ao partido: quatro, como parece entender a presidente eleita, ou cinco, que os pemedebistas julgam o número mais adequado para compor internamente. O PT já admite indicar, em sua cota, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), a fim de abrir uma vaga para seu presidente José Eduardo Dutra, que é o suplente, no Senado.

Ontem, antes do anúncio da nova equipe econômica, o ministro Paulo Bernardo disse que estava deixando o Planejamento e que recebera um "convite genérico" de Dilma para permanecer, sem definir a Pasta. "A presidente me fez um convite para participar do governo, mas um convite genérico, porque ela me disse que tem mais de uma opção", afirmou. Além dele, já receberam o mesmo "convite genérico" de Dilma Antonio Palocci e José Eduardo Martins Cardozo, cada um com mais de uma opção.

Palocci vai para a Casa Civil ou para a Secretaria-Geral. Até o início da semana o PT dava como certa a nomeação de Palocci para a secretaria, que na reconfiguração pela qual passará o Planalto será efetivamente o órgão de assessoramento político do presidente da República. Ontem, no entanto, a versão era que Dilma reservara a Casa Civil, de perfil mais técnico, ao deputado. Palocci prefere a Secretaria-Geral. Paulo Bernardo também é cotado para a Casa Civil, a Secretaria e a Previdência. Cardozo, entre a Justiça e a Casa Civil.

O atual chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, é cotado para a Secretaria-Geral, mas pode acabar na Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Humana, função que já manifestou desejo de exercer no governo petista.

Os nomes relacionados pelo PMDB são os do senador Edison Lobão (MA), o do deputado Mendes Ribeiro (RS), os dos ex-deputados Moreira Franco (RJ) e Wagner Rossi (SP), e o do ex-senador Sérgio Machado, mas um ou outro pode mudar de acordo com o ministério oferecido por Dilma.

Mendes Ribeiro é opção para a Agricultura, onde já se encontra Rossi, afilhado político do vice-presidente eleito Michel Temer. Sua indicação de Ribeiro abriria uma vaga na Câmara para o deputado Eliseu Padilha (RS), que não se reelegeu e ficou na primeira suplência. Ele é um dos principais integrantes do grupo de Temer na Câmara. Embora da ala "serrista" do PMDB, manteve certa distância da campanha do PSDB nas eleições.

Moreira Franco é considerado "pule de dez" no PMDB. O ministério "ideal" para Moreira seria o de Cidades, hoje na cota do PP, partido que não integrou a coligação da presidente eleita. Mas o partido decidiu não reivindicar - pelo menos de público - os cargos e deixar que Dilma os entregue "limpos", ou seja, sem criar pendência com outros partidos da base aliada.

Lobão deve voltar para o Ministério das Minas e Energia, cargo que ocupava quando foi disputar a reeleição. Ele não só poderá concluir os projetos que já tocava no MME, como seu filho Edison assumirá a cadeira no Senado. A segunda vaga do Senado pode ficar com o ex-senador Sérgio Machado, atual presidente da Transpetro.

Quando o PMDB fala que cinco ministérios comporiam melhor o partido é que a quinta vaga tanto poderia ser destinada a uma indicação do vice eleito Michel Temer como para os governadores do partido. O atual ministro da Agricultura, Wagner Rossi, é afilhado político de Temer. Tanto pode permanecer como ser indicado para outro cargo. O ministro Nelson Jobim (Defesa) só ficará se for na cota pessoal de Dilma.

Atualmente, o PMDB tem seis ministérios, sete se for considerado o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O que leva o partido a aceitar ficar com quatro é a promessa de que indicará os quatro e não servirá mais de "barriga de aluguel" para indicações de terceiros, como foram os casos das nomeações de José Gomes Temporão (Saúde), indicação de Lula que o governador Sérgio Cabral assumiu como sua, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, também da cota pessoal do presidente da República. Curiosa é a solução articulada para a Saúde: gestão compartilhada. O PT indica o ministro, Alexandre Padilha, e o PMDB o presidente da Funasa.