Título: Coreia pode fazer oferta mesmo sem brasileiros
Autor: Borges, André; Bitencourt, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 26/11/2010, Brasil, p. A5

De São Paulo

Mesmo sob a ameaça de saída das empreiteiras brasileiras do consórcio coreano, a proposta pode ser apresentada de qualquer jeito, nem que por um grupo composto apenas por empresas coreanas, incluindo uma construtora. Segundo fontes ligadas ao grupo, o consórcio se baseia em um compromisso "governo a governo" que não pode ser quebrado facilmente, mesmo na circunstância de uma deserção coletiva dos sócios brasileiros. Apesar de o grupo estar em grande parte formado há quase um ano, na reta final os brasileiros decidiram recuar e questionar a viabilidade econômica no trem-bala. Uma reunião na manhã de hoje deve definir a situação.

O grupo é composto na maior parte por empresas coreanas - como os conglomerados Hyundai, Samsung, LG e a construtora SK -, fundos de investimento, recursos oficiais da Coreia e uma participação de pelo menos 25% de empreiteiras brasileiras, lideradas pela Contern, do grupo Bertin, seguida pela Galvão Engenharia, CR Almeida e outras construtoras menores. O consórcio tem a missão de levantar cerca de de R$ 7 bilhões em capital próprio, o que significa às brasileiras uma participação de R$ 1,7 bilhão, no mínimo - que precisaria ser coberta pelos coreanos caso elas saiam da sociedade.

Com a formalização da desistência dos consórcios chinês e francês esta semana, ficou ao lado do consórcio coreano apenas a chance, considerada remota, de haver uma proposta do Japão. A imprensa japonesa - os jornais Kyodo e Nikkei News - divulgou a informação de que o consórcio composto por Mistui, Hitachi e Mistubishi havia desistido do trem-bala brasileiro. Mas um representante do grupo no Brasil nega a informação.