Título: Expectativa de vida da mulher sobe para 77 anos e a do homem para 69 no Brasil
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2010, Brasil, p. A4

Nascem mais homens no país, mas as mulheres vivem mais e têm expectativa de vida ainda maior. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) em 1980 a esperança de vida das mulheres era de 65,75 anos e em 2009 passou para 77,01 anos. Já os homens viram sua expectativa de vida avançar de 59,66 anos para 69,42 anos no mesmo período.

A diferença causa atualmente um excedente de 4 milhões de mulheres no país. E as projeções do instituto apontam para 14 milhões de mulheres a mais em 2050. "Nascem mais homens que mulheres, mas, a partir do nascimento, os homens começam a morrer mais rapidamente", frisou o gerente de população e indicadores sociais do IBGE, Juarez Oliveira.

Segundo ele, o aumento na esperança de vida é "algo esperado". E lembra que o homem tem maior fragilidade no sistema pulmonar aos nascer. "Pensa-se que a criança do sexo feminino é mais frágil, mas na verdade é o contrário."

O avanço da escolaridade, do sistema de saúde e das redes de saneamento básico foram fundamentais para elevar a esperança de vida do brasileiro, que passou de 62,57 anos em 1980 para 73,17 anos em 2009, o equivalente a 73 anos, dois meses e um dia.

O técnico do IBGE lembrou que a queda da mortalidade infantil causa, naturalmente, a elevação da expectativa de vida dos brasileiros. Entre 1980 e o ano passado a taxa de mortalidade infantil caiu de 69,12 por mil nascidos vivos para 22,47 por mil nascidos vivos.

De acordo com as metas do milênio, essa taxa deveria recuar para 15 por mil nascidos vivos em 2015, mas Oliveira ressaltou que a projeção feita pelo IBGE indica que a mortalidade deverá atingir 18 por mil nascidos vivos nessa ocasião.

Ele explicou que avanços na vacinação, amamentação e acompanhamento dos recém-nascidos contribuíram para a queda das mortes de bebês. Ele destacou que diversos esforços são feitos para que se atinja, em 2015, a meta do milênio para a mortalidade infantil, como a universalização do acesso ao pré-natal, as campanhas de aleitamento materno e as constantes demandas para aceleração dos investimentos em saneamento básico e em educação.

Já a violência foi a principal causas de mortes no Brasil entre pessoas de 15 a 29 anos em 2009. Entre os jovens de 15 a 19 anos este tipo de óbito respondeu por 60,29% do total, percentual que salta para 61,29% entre jovens de 20 a 24 anos e fica em 52,71% entre os de 25 a 29 anos. Os dados constam da Tábua de Mortalidade 2009, divulgada ontem pelo IBGE.

A partir dos 30 anos a tendência se inverte e as causas naturais passam a ser a principal razão de 60,18% dos óbitos ocorridos entre os brasileiros de 30 a 34 anos. Para aqueles entre 35 e 39 anos, as mortes violentas respondem por apenas 29,38% do total de óbitos.

Para Oliveira, um homem de 22 anos tem 4,5 vezes mais chance de morrer que uma mulher da mesma idade. A razão é o alto índice de mortes violentas entre os homens, quando comparado com as mulheres. Entre 15 e 19 anos, os homens respondem por 87,35% do total de mortes violentas no país, percentual que vai a 90,21% entre 20 e 24 anos, 89,36% entre 25 e 29 anos, 89,08% entre 30 e 34 anos e 87,86% entre 35 e 39 anos.

"Esperamos que isso se reverta, porque, se continuar como projetado, pode chegar a níveis insustentáveis", disse Oliveira, lembrando o excedente atual de 4 milhões de mulheres na população brasileira e a projeção de 14 milhões a mais de mulheres em 2050. "Computamos apenas os que faleceram, sem entrar em outros aspectos que geram custo para a sociedade, sobretudo para quem vai precisar de cuidados médicos para sempre e que vai, de alguma forma, deixar de exercer atividade produtiva."