Título: Superávit com Argentina está 360% maior que em 2009
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2010, Brasil, p. A6

As exportações do Brasil à Argentina, neste ano, já superam as importações em quase US$ 3,4 bilhões, resultado mais de 360% superior ao superávit brasileiro no comércio bilateral durante o mesmo período do ano passado. O aumento nas vendas externas ao país vizinho, 52%, foi o maior entre os principais sócios do Brasil. Para a China, que, com US$ 28 bilhões, se consolidou como o maior comprador individual de bens brasileiros no exterior, o aumento das exportações nos primeiros onze meses do ano foi de pouco menos de 42%.

Em relação a outubro, houve uma queda de 15% nas vendas à China, explicada quase totalmente pela redução na quantidade de minério de ferro exportado pelo país ao Brasil, de 30 milhões de toneladas para 24 milhões. Entre os principais parceiros do Brasil, o menor aumento nas vendas foi para os Estados Unidos, pouco mais de 19%, desempenho atribuído pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) à lenta recuperação da economia americana. As vendas para a União Europeia seguem um gráfico de zigue-zague, com quedas seguidas de aumentos em relação ao mês anterior, e acumulam alta de 24% neste ano.

As exportações para a União Europeia caíram de US$ 202 milhões em outubro para US$ 186 milhões em novembro, mas ainda estão superiores a novembro do ano passado, quando atingiram US$ 144 milhões. Para Roberto Dantas, diretor de Planejamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a queda foi sazonal e a tendência é de aumento das vendas para o bloco econômico europeu. "O agravamento da crise na Europa ainda não afetou nossas exportações", afirmou ele.

A China caminha também para tornar-se o maior fornecedor do Brasil. As vendas chinesas ao país, entre janeiro a novembro, aumentaram 62% e chegaram a US$ 23,4 bilhões, pouco abaixo dos US$ 25 bilhões vendidos pelos Estados Unidos, um parceiro tradicional do Brasil.

As vendas da Argentina tiveram aumento de 30% e ficaram em US$ 13 bilhões, concentradas principalmente em produtos automotivos. Automóveis estão também entre os produtos chineses que tiveram maior aumento de vendas aos brasileiros em novembro, ainda que, em termos absolutos, os veículos da China sejam uma parcela minúscula do mercado nacional. As importações originadas na China aumentaram principalmente nos setores de máquinas e equipamentos, eletroeletrônicos e siderurgia.

Máquinas e equipamentos também são o principal item de exportação com aumentos significativos na pauta de importações do Brasil com origem nos Estados Unidos e na União Europeia. Os EUA também aumentaram significativamente o fornecimento de carvão e óleo diesel ao Brasil, para alimentar usinas postas em funcionamento neste ano. O Brasil vem trocando fornecedores de petróleo da África por países do Oriente Médio, que aumentou em 119%, em novembro, as vendas desse tipo de produto aos clientes brasileiros.