Título: PT traça estratégia para limitar blocos na Câmara
Autor: Lyra, Paulo de Tarso ; Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2010, Politica, p. A12

O PT deve aprovar em reunião na segunda-feira os termos do acordo com o PMDB para as eleições da Mesa Diretora da Câmara na próxima legislatura. O rodízio na presidência da Casa será aceito sem qualquer vinculação com a disputa no Senado. A novidade, porém, é que os petistas querem incluir a regra da "proporcionalidade" na distribuição dos cargos na Casa, o que, na prática, limita os poderes de blocos parlamentares.

Por meio dela, os partidos terão uma ordem de escolha das cadeiras da Mesa e das comissões temáticas proporcionalmente às suas bancadas. Assim, o PT, que elegeu 88 deputados, faz a primeira escolha, seguido por PMDB (79), PSDB (54), DEM (43), PR (41), PP (41), PSB (34), PTB (21) e PDT (28) até chegar aos menor partido representado, o PSL, com um deputado.

Essa, aliás, é a regra tradicional da Casa, quebrada nas últimas eleições com candidaturas avulsas. Por isso, o PT quer deixar representados na Mesa todos os partidos, inclusive os de oposição, inibindo manobras e candidaturas de última hora. O segundo objetivo é neutralizar a força de blocos parlamentares, em especial do "blocão" formado há três semanas por PMDB, PR, PP, PTB e PSC. Uma vez consolidado, ele teria 199 deputados e força suficiente para derrubar candidaturas de todos os outros partidos.

O próximo passo para o PT é a escolha dos nomes, que só deve sair no prazo de duas semanas. Quatro pleiteiam a presidência: o líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), os ex-presidentes João Paulo Cunha (SP) e Arlindo Chinaglia (SP) e o atual vice-presidente, Marco Maia (RS). Vaccarezza é o favorito e traça um acordo com a corrente Mensagem ao Partido para que essa escolha o líder da bancada, enquanto a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) escolheria um dos quatro "presidenciáveis".

Por esse acordo que vem sendo desenhado, Paulo Teixeira (SP), da Mensagem ao Partido, é o favorito, mas deputados do Nordeste, com apoio de governadores petistas da região, como Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE), têm pleiteado uma liderança nordestina. Isso abriria espaço para o deputado José Guimarães (CE), integrante da CNB, mas que poderia vir a ser indicado pela Mensagem, em troca de um rodízio no cargo para 2012.