Título: Lula garante a Izabella que ela continuará no Meio Ambiente
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2010, Politica, p. A13

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, recebeu ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais um sinal claro de que permanecerá no comando da Pasta a partir de 1º de janeiro de 2011, no governo Dilma Rousseff. Após o encerramento de uma solenidade no Palácio do Planalto para anunciar a redução nos índices de desmatamento da Amazônia, Lula deu um tapinha no ombro de Izabella e assegurou: "Pode ficar tranquila, você tem lugar garantido no próximo governo." A ministra do Meio Ambiente, contudo, negou em público que qualquer decisão tenha sido tomada, apesar das especulações de que ela e a presidente eleita, Dilma Rousseff, já teriam acertado todos os detalhes para sua permanência. "Eu sou ministra do presidente Lula, esse não é o momento de falar sobre isso", disse Izabella, ao término da cerimônia.

A exemplo do que fizera com o ministro da Educação, Fernando Haddad, confirmado pelo presidente como ministro de Dilma no fim da tarde de segunda-feira após um dia de solenidades da área de educação, Lula também está há dois dias alardeando as qualidades da atual responsável pelo setor de meio ambiente. Na terça-feira, durante visita às obras da Usina Hidrelétrica de Estreito, no Maranhão, o presidente deu a entender que Izabella dará continuidade às ações tomadas pelo seu governo.

No primeiro momento, Lula afirmou que, no futuro, o aumento da produção será acompanhado pela preservação ambiental e que "Izabella será a companheira, parceira nisso". Pouco depois, ele falou sobre a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte, além do Complexo Tapajós. "Vai ser tão perfeito que nem a Izabella vai colocar obstáculos para a gente fazer a nossa hidrelétrica".

Izabella Teixeira, que vinha constando de todas as listas de ministeriáveis, faltando confirmação oficial e anúncio, assumiu o ministério em março deste ano, após a desincompatibilização do ministro Carlos Minc para concorrer a deputado estadual pelo PT fluminense. A ministra é próxima ao PT, tem o apoio dos servidores do Ibama, mas não é filiada ao partido, o que gerou descontentamento em setores da legenda. O Ministério do Meio Ambiente sempre esteve nas mãos do PT - primeiro com Marina Silva e depois, com Carlos Minc.

Durante a solenidade de ontem, representantes da Secretaria Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do PT (Smad) divulgaram nota em que defendem que o PT volte a ter "protagonismo na política ambiental brasileira, tendo à frente do MMA um quadro político do Partido dos Trabalhadores".

No texto, baseado em uma reunião do grupo realizada no dia 17 de novembro, são traçados alguns pontos que justificam o pleito para que a pasta seja comandada por um petista: o objetivo estratégico do governo Dilma de promover o crescimento econômico com distribuição de renda e sustentabilidade ambiental; a importância que a temática ambiental vem obtendo nos principais fóruns internacionais e o papel do Brasil como potência ambiental.

O texto destaca ainda que a gestão petista no Ministério foi fundamental para os êxitos obtidos ao longo dos últimos anos, como a redução nos índices de desmatamento, e a formulação de Planos e Políticas Ambientais, como as de Recursos Hídricos, Sólidos, Gestão Florestal e Educação Ambiental.

Para o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), "todos têm o direito de se manifestar livremente, como a presidente eleita também tem o direito de definir quem fará parte de seu ministério". Ele não quis confirmar o nome de Izabella Teixeira como futura ministra de Meio Ambiente.

Durante a solenidade no Palácio do Planalto, Lula decretou o fracasso da COP 16, conferência sobre o clima que se realizará em Cancún, no México, em dezembro. O presidente iria participar do encontro, mas desistiu diante da dificuldade para se firmar um acordo político sobre o tema. "Nenhum líder mundial vai participar, apenas ministros do Meio Ambiente", resumiu Lula.