Título: Comitê prepara integração gradual de Vivo e Telesp
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2010, Empresas, p. B3

A Telefónica instalou um comitê com seus principais diretores para cuidar da integração entre a Telesp e a Vivo. Quem está à frente da iniciativa é o espanhol Luiz Miguel Gilpérez López, executivo que foi nomeado em outubro como o responsável pelos negócios do grupo no Brasil.

A união entre as operações fixa e móvel da companhia espanhola será feita gradualmente. Neste momento, o comitê está avaliando caso a caso as áreas onde existem sinergias mais imediatas. "Por exemplo, estamos olhando quantos centros de dados têm as duas empresas e se vamos precisar manter todos eles", afirma o diretor-geral da Telesp, Mariano de Beer.

A Telefónica anunciou, no fim de julho, um acordo para adquirir por ¿ 7,5 bilhões a parcela da Portugal Telecom no bloco de controle da Vivo - até então compartilhado entre os grupos ibéricos. O negócio, que encerrou uma longa disputa pelo controle total da empresa de celular, vai permitir que a Telefónica atue no Brasil como uma operadora integrada de telefonia fixa, celular, banda larga e televisão por assinatura.

O processo está sendo acompanhado de perto pela cúpula do grupo. Na semana passada, o presidente mundial da Telefónica, César Alierta, esteve no Brasil para uma série de reuniões.

A aproximação operacional das duas estruturas deve caminhar mais rapidamente que a integração societária entre a Telesp e a Vivo, diz o presidente da Telefônica no Brasil, Antonio Carlos Valente. O desenho dessa união ainda está em estudo e só será definido depois de concluída a oferta que os espanhóis farão aos acionistas minoritários da Vivo.

A proposta da companhia, que está em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é pagar o equivalente a ¿ 49,64 por ação aos minoritários que têm papéis com direito a voto. O preço está baseado no mecanismo da Lei das S.A. conhecido como "tag along" - o comprador de uma empresa deve fazer aos detentores de ações ordinárias uma oferta de 80% do preço pago pelas ações do bloco de controle.

Uma das últimas etapas do processo de integração será a adoção da marca Vivo para representar todos os negócios da companhia no país. O nome Telefônica, atualmente usado nas operações fixas, passará a ter um caráter apenas institucional. O mesmo já foi feito nos outros mercados onde a empresa atua. Na Espanha e na América Latina, foi adotada a bandeira Movistar. No restante da Europa, a marca comercial é O2.

O nome Vivo foi escolhido porque é conhecido em todo o país, graças ao alcance nacional da operação de telefonia móvel do grupo. Em contraste, a marca Telefônica fica restrita ao Estado de São Paulo, onde a companhia atua como concessionária de telefonia fixa. "Com a Vivo, vai ficar mais fácil lançar nosso serviço de TV via satélite em todo o Brasil e participar de licitações públicas fora de São Paulo", diz Valente.

Contudo, a mudança de marca será feita de maneira gradual. Isso não acontecerá necessariamente isso em 2011. "Não adianta mudar a marca sem que o consumidor perceba que mudou também a experiência", afirma De Beer. (TM)