Título: Pimentel aceita convite para ministério
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 10/12/2010, Política, p. A10

O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel foi convidado ontem pela presidente eleita, Dilma Rousseff, para assumir o Ministério do Desenvolvimento Industrial e Comércio e aceitou. Outro que foi convidado ontem e aceitou o cargo foi o futuro ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota. No entanto, não houve ainda anúncio oficial desses nomes. A formação dos ministérios está encontrando obstáculos nas indicações petistas para o Ministério do Desenvolvimento Social e Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Estas nomeações transformaram-se em uma briga da ala nordestina do partido com militantes de outros Estados. Apesar de ter sido uma das idealizadoras da fusão dos programas de assistência no Bolsa-Família, ser a atual ministra e ter o apoio de parte da ala feminina da bancada do PT, Márcia Lopes deve ser substituída do cargo. O motivo, alegam setores do partido, é que ela é paulista e irmã do futuro secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Já no Ministério do Desenvolvimento Agrário a briga dos nordestinos é para desalojar a corrente Democracia Socialista, que se instalou no cargo desde os tempos do gaúcho Miguel Rossetto, no início do governo Lula.

O governador da Bahia, Jaques Wagner, apresentou três nomes para substituir Márcia Lopes: a chefe da Casa Civil do governo da Bahia, Eva Maria Schiavon; a secretária do Planejamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano de Sergipe, Maria Lúcia Fálcon, que é baiana e mulher de um ex-presidente da CUT na Bahia, Péri Fálcon; e a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho. Dilma não se entusiasmou por nenhuma. A presidente eleita gosta de Ana Fonseca, uma pernambucana, nutricionista, com longa atividade profissional na Unicamp. Para os que disputam a vaga, significaria mais uma paulista em um Ministério vazio de nordestinos - região que mais votos deu à vitória de Dilma.

Um caminho alternativo é a indicação de Tereza Campelo, subchefe da Secretaria de Articulação e Monitoramento, da Casa Civil. Uma das responsáveis pela fiscalização das obras do PAC, Campelo já foi elogiada publicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e é prestigiada por Dilma e pela futura ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Tereza iniciou a militância política junto aos movimentos sociais mas nos últimos anos mudou o seu foco de atuação, realizando pesquisas nas áreas de bionergia e meio ambiente.

Jaques Wagner gostaria de ter uma definição de Dilma para escolher o secretariado de seu segundo governo. Caso não consiga emplacar Eva no ministério, a tendência é que ela permaneça na Casa Civil do governo baiano. A parceria entre os dois é longa: Eva foi secretária-executiva de Wagner no Ministério do Trabalho e, posteriormente, no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Mas ele tem dito a interlocutores que não pode "fazer mais nada a não ser aguardar a resposta de Dilma".

A definição do futuro ministro do Desenvolvimento Social influencia diretamente o Ministério do Desenvolvimento Agrário, já que os baianos também estão de olho na vaga. Para esse posto, no entanto, a pressão é pela escolha de um político, não de um técnico. As opções seriam Zezéu Ribeiro - de quem Dilma não gosta - Nelson Pellegrino ou Geraldo Simões, todos deputados federais.

Para um petista nordestino, Dilma deve escolher primeiro o futuro ministro do Desenvolvimento Social. "Se ela escolher um nome baiano, dificilmente outro baiano vai ser indicado para o Ministério do Desenvolvimento Agrário". Outra coisa que pesa contra a Bahia é que o Ministério das Cidades deverá ser ocupado pelo ex-líder do PP, Mário Negromonte. Apesar de não ser um petista, o PP faz parte da base de apoio de Jaques Wagner no Estado, ganhando um peso político maior após a saída do PMDB e do PDT da aliança estadual. Nesse caso, uma das opções para manter a vaga na cota nordestina do partido seria a indicação do senador Wellington Dias (PI).

O nome de Dias surge em outra especulação. Ele seria um dos cotados para substituir Alexandre Padilha na Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Médico sanitarista, Padilha não era o primeiro nome preferido para assumir a pasta da Saúde mas, diante da confusão gerada pelo governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, que anunciou Sérgio Cortês e depois foi desautorizado publicamente, o petista começou a trabalhar para mudar de área, contando com o apoio da bancada do partido no Congresso.

Padilha só não foi confirmado ainda porque Dilma não encontrou um nome para substituí-lo na coordenação política de governo. Além de Wellington Dias, outros nomes especulados são Marco Maia (PT-RS) e Luiz Sérgio (PT-RJ). Maia é vice-presidente da Câmara e disputa o direito de concorrer à Presidência da Casa. Caso vá para o Ministério, o líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP), se tornaria o único candidato do PT à Presidência da Câmara.

Outro Ministério que ainda está indefinido é o Meio Ambiente. Na semana passada, o presidente Lula assegurou à atual ministra, Izabella Teixeira, que ela permaneceria no cargo. Mas o PT fluminense insiste em indicar um nome, já que antes de Izabella o Ministério era ocupado pelo deputado estadual reeleito Carlos Minc. A Secretaria de Meio Ambiente do PT divulgou nota, na cerimônia de anúncio da redução do desmatamento na Amazônia, defendendo que o partido retome o protagonismo no setor. Izabella não é filiada ao PT.

Para outras pastas, não há surpresas ainda. O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), esteve com a presidente eleita e deverá ser confirmado ministro da Ciência e Tecnologia; Fernando Haddad é cotado para ser reconduzido ao Ministério da Educação, mas ainda não esteve com Dilma.