Título: CNBB tira artigo do site
Autor: Rizzo, Alana; Abreu, Rizzo
Fonte: Correio Braziliense, 23/07/2010, Política, p. 5

A polêmica criada pelo bispo paulista Luiz Gonzaga Bergonzini ganhou mais um capítulo ontem.

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, se pronunciou sobre o artigo, publicado na página da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na internet, em que o religioso recomenda aos católicos que não votem na ex-ministra porque a candidata seria a favor do aborto. Dilma afirmou que essa não deve ser tratada como uma questão religiosa, mas de saúde pública. Além disso, a petista destacou que o pedido do bispo não é a posição da instituição.

Não se pode ignorar os fatos.

O aborto é uma violência contra a mulher, mas defendo que o Estado cuide das pessoas que passam por essa situação, especialmente, as de classes menos favorecidas.

As mulheres pobres, muitas vezes, usam agulhas de tricô, sem qualquer tipo de assepsia. O governo não pode virar as costas para essas pacientes e deixá-las sem tratamento, ressaltou Dilma.

Tanto eu quanto o presidente Lula não defendemos o aborto.

Defendemos o cumprimento estrito da lei, completou.

A CNBB preferiu não entrar na discussão e retirou o artigo do site.

De acordo com o padre Geraldo Martins, representante da instituição, a decisão foi tomada para não haver mais confusão. Ele explicou que o artigo citava a candidata nominalmente e a cúpula da entidade entendeu que a melhor opção era não incentivar a polêmica, apesar de reiterar que a CNBB é contra o aborto.

Sem embaraço À tarde, Dilma Rousseff participou de uma sabatina realizada pelo portal R7. Demonstrando desenvoltura, a candidata respondeu a perguntas como a do jornalista Marco Antonio Araújo, que quis saber se a petista aceitaria um convite para jantar com expresidente cubano Fidel Castro ou se faria greve de fome. Econômica na resposta, ponderou somente que aceita se reunir com qualquer liderança da América do Sul.

A ex-ministra só demonstrou desconforto quando foi perguntada sobre a relação com o petista José Dirceu. Se não houvesse acontecido o caso do mensalão, quem estaria sentado nesta cadeira, no lugar da senhora? Antonio Palocci ou José Dirceu?, questionou o entrevistador. Dilma elogiou o primeiro, mas garantiu que não mantinha contato com o segundo, um dos principais ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes da divulgação, em 2006, do escândalo sobre supostos pagamentos de propinas a parlamentares.

O Palocci é muito competente e não digo qual será a participação, caso eu vença as eleições, porque sou supersticiosa. O último que sentou na cadeira antes do resultado não venceu, alfinetou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que teve uma fotografia onde aparecia sentado na cadeira da prefeitura de São Paulo, na véspera do resultado do pleito de 1985, e acabou derrotado pelo então candidato Jânio Quadros.

Acho que não é prudente julgar Dirceu porque nada foi provado contra ele. Tenho muito respeito por ele, mas não somos próximos e ele não faz parte do cerne da minha campanha, emendou.

Outra multa No início da noite de ontem, o ministro Joelson Dias, do Tribunal Superior Eleitoral, multou Dilma Rousseff e o tucano Michel Temer, vice na chapa petista, em R$ 2 mil por uma foto exposta na frente do comitê de campanha, no Setor Comercial Sul. Na decisão, o relator entendeu que a imagem se encaixava no conceito de outdoor, o que é proibido pela legislação eleitoral.