Título: Metade dos 10 ministros anunciados por Dilma Rousseff são do PMDB
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 09/12/2010, Política, p. A8

A presidente eleita, Dilma Rousseff, anunciou ontem mais dez integrantes do seu futuro governo. Além dos cinco nomes do PMDB - Edison Lobão (Minas e Energia), Pedro Novais (Turismo), Garibaldi Alves (Previdência), Moreira Franco (Secretaria de Assuntos Estratégicos) e Wagner Rossi (Agricultura) - a assessoria da presidente divulgou os seguintes nomes também confirmados: Paulo Bernardo (Comunicações), Alfredo Nascimento (Transportes), Helena Chagas (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Ideli Salvatti (Pesca).

O acerto com o PMDB selou, pelo menos por enquanto, uma trégua da presidente eleita com o principal aliado. À noite estava previsto um jantar do partido em homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a presidente eleita declinou do convite. O partido ainda não se acostumou com a ideia de assumir a Previdência, mas, como lamentou um parlamentar pemedebista ao Valor, "se é isso que querem nos dar, fazer o quê?". Dois dos ministros - Rossi e Moreira - são próximos do vice-presidente, Michel Temer, outros dois, Novais e Lobão são da cota do senador José Sarney (AP) e Garibaldi é primo do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, que anunciou a escolha no Twitter.

No meio da tarde, o senador Garibaldi Alves Filho (RN) foi chamado para uma conversa com Dilma na Granja do Torto. Ele deixou a reunião afirmando que "a presidente eleita quer manter as reformas de gestão e administrativa agilizando o pagamento dos benefícios e diminuindo as filas no atendimento".

Durante a solenidade de posse do novo presidente do TCU, Garibaldi não sabia dizer o que o impedia de ser confirmado. "Não acho que minha atuação como presidente do Senado atrapalhe. Se fosse para atrapalhar, nem estaria no páreo". A ida de Garibaldi ao ministério tira do caminho do atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB), um possível candidato à sua sucessão.

Dilma também conversou com Moreira Franco. O ex-governador queria ser ministro das Cidades, mas a Pasta deve permanecer com o PP - o nome mais provável é do ex-líder do partido na Câmara, Mário Negromonte (BA). A equipe de transição ofereceu a Secretaria de Assuntos Estratégicos, mas Moreira e o PMDB consideram a Pasta inexpressiva. O convite só foi aceito depois de reformulação que lhe dará maior peso.

Como Dilma definiu a situação do PMDB, aproveitou para confirmar também Paulo Bernardo para as Comunicações. Bernardo assume o cargo, que era do PMDB no governo Luiz Inácio Lula da Silva, com a missão de sanear os focos de corrupção nos Correios e conduzir o Plano Nacional de Banda Larga, além da nova Lei Geral de Telecomunicações.

Outro aliado contemplado ontem foi o PR. Dilma chamou o atual ministro, Alfredo Nascimento - derrotado para o governo do Amazonas - a permanecer. Convidou toda a cúpula do partido para reforçar a oferta. "Se fosse para decidir sozinha, chamaria o Alfredo do mesmo jeito. Mas gostaria que esse convite fosse endossado por todos do PR", disse ela, diante dos dirigentes partidários e líderes da legenda.

Na Saúde, cresce a pressão pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O PT apresentou dois nomes para substituir Padilha: o do atual vice-presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e o do presidente do PT fluminense, Luiz Sérgio. Caso Maia seja convidado, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) passa a ser o único candidato petista à presidência da Casa.