Título: Acordos elevam custo da mão de obra
Autor: Villaverde, João
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2010, Brasil, p. A5

Os aumentos reais conquistados pelas diferentes categorias de trabalhadores da indústria refletem no custo da folha de pagamento real média por trabalhador do setor. O indicador, pesquisado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dentro da Pesquisa Mensal de Emprego na Indústria, mostrou que em outubro deste ano o salário médio real estava 5,5% maior que o valor pago em outubro do ano passado. Este foi o sexto ano seguido de aumentos reais no salário médio da indústria.

Na série do IBGE, que começa em 2001, o valor real da remuneração dos trabalhadores da indústria caiu nos anos de 2002 e 2003, começando a recuperação em 2004. Desde então - sempre considerando o valor pago nos meses de outubro - o salário real subiu 28,8% acima da inflação no setor de transformação e expressivos 68% na indústria extrativa. Nesse caso, o aumento médio real reflete, também, a composição do emprego no setor, que vem demandando cada vez mais profissionais qualificados.

Este processo, explica José Silvestre, coordenador de relações sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), é impulsionado pelo crescimento da economia. Especialmente, diz Silvestre, "se o crescimento for puxado pelo mercado interno, porque desta forma não é concentrado só na indústria exportadora, mas em todo o conjunto da economia".

Na década, a economia passou de um crescimento médio de 2,3% entre 2000 e 2003 para 4,7% entre 2004 e 2007, e 4% nos últimos três anos, considerando a alta de 7,5% estimada pelo governo para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2010. Os sindicalistas afirmam que os elevados reajustes, no entanto, ainda são inferiores aos ganhos de produtividade. (JV)