Título: O peso da inflação
Autor: Villaverde, João
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2010, Brasil, p. A5

Os sindicatos "rivais" dos metalúrgicos do ABC e de São Paulo, ligados, respectivamente, à CUT e à Força Sindical, obtiveram o mesmo reajuste nos salários: 9%. No entanto, o ganho real dos 60 mil metalúrgicos do ABC (sem contar as montadoras) foi de 4,7%, enquanto os 270 mil operários de São Paulo e Mogi das Cruzes embolsaram 3,6% além da inflação. Essa diferença é explicada pelo momento da data-base. Enquanto o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC negocia em setembro, quando a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulava 4,3% nos 12 meses terminados naquele momento, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes fecha seus acordos em novembro, quando os 12 meses acumulados do INPC já registravam 5,4%. O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Têxtil de Caxias têm duas datas-base: em outubro, com INPC a 4,7%, e em novembro, com inflação a 5,4%. Os acordos foram de 7% e 7,7%, respectivamente. Os ganhos reais foram, portanto, iguais para os cerca de seis mil trabalhadores de Caxias do Sul e outros 52 municípios representados pelo sindicato. Segundo Nurimar Vieira Valmini, diretor do sindicato, o "cenário perfeito" seria aquele que combinasse crescimento econômico, que dá poder de barganha aos sindicatos, com inflação baixa, que amplia o ganho real.