Título: Ideli Salvatti é a nova relatora do Orçamento
Autor: Junqueira, Caio
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2010, Política, p. A7
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) é a nova relatora-geral do Orçamento da União. Ela assumirá o cargo no lugar do senador Gim Argello (PTB-DF), que renunciou ontem após as denúncias de irregularidades nas suas emendas individuais ao Orçamento de 2010 e de 2011. A senadora encerra seu mandato em 31 de dezembro.
Ideli havia manifestado seu interesse no cargo quando começaram as discussões sobre os nomes que ocupariam a Comissão Mista de Orçamento no início deste ano. A bancada do PT reivindicou o posto, mas teve de enfrentar uma disputa de bastidores com o PMDB do Senado, maior bancada da Casa e, portanto, com direito preferencial de indicar a relatoria do Orçamento. Venceu a articulação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), padrinho de Argello na relatoria.
Por ser mista, os dois principais cargos da comissão - a presidência e a relatoria - são revezados a cada ano por Câmara e Senado. Foi o presidente da comissão, deputado Waldemir Moka (PMDB-MS), que anunciou a escolha de Ideli. Ontem, logo após a renúncia de Argello, petistas da Câmara e do Senado já começavam a falar na senadora como a substituta.
Argello não resistiu à pressão com as denúncias publicadas, inicialmente, pelo jornal "O Estado de S. Paulo", de que parte de suas emendas parlamentares apresentadas para o Orçamento de 2010 eram destinadas a empresas de fachada. Ontem, mais denúncias foram feitas pelo Valor e pelo jornal "Folha de S. Paulo", mostrando que uma das emendas apresentadas para o Orçamento de 2011 tinha como destino uma empresa cuja proprietária foi presa por envolvimento no escândalo dos anões do Orçamento, em 1993.
Argello renunciou ao cargo entregando uma carta a Moka e ao ministro Paulo Bernardo (Planejamento), que estavam reunidos com os relatores setoriais do Orçamento. No texto, ele justifica sua saída da função: "Há uma tentativa recorrente de associar esta comissão a supostas irregularidades na aplicação de verbas públicas (...) Considero que meu afastamento é uma iniciativa que deve contribuir para não contaminar os bons trabalhos que aqui vêm sendo realizados em prol da sociedade".
A jornalistas, falou rapidamente ao deixar o Congresso: "O governo estava me pedindo para ficar. Todas as acusações são injustas. Quero ficar mais solto para ser o fiscal dessas emendas. Agora quem vai cobrar sou eu".