Título: Indicação para MDA desagrada parte do PT
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2010, Política, p. A9

De Brasília de São Paulo A presidente eleita, Dilma Rousseff, convidou na semana passada Maria Lúcia Falcón para ser ministra do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Atual secretária de Planejamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano de Sergipe, Maria Lúcia faz parte da equipe do governador reeleito no Estado, Marcelo Déda (PT), desde a época em que ele passou a comandar a prefeitura de Aracaju, em 2001, sempre na área do planejamento.

Dilma convidou também a subchefe da Secretaria de Articulação e Monitoramento (SAM) da Casa Civil, Tereza Campelo, para o Ministério do Desenvolvimento Social, Pasta que gere o programa Bolsa Família.

A primeira, apesar de trabalhar para o governador Déda, é baiana e era uma das indicadas pelo governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). Já Tereza é uma escolha pessoal da presidente eleita, pela afinidade que tem tanto com Dilma quanto com a futura ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

As indicações para o Ministério do Desenvolvimento Social e para o Ministério do Desenvolvimento Agrário inquietavam o PT, incomodado com a indefinição de nomes do partido para compor o primeiro escalão do governo Dilma.

A indicação de Maria Lúcia Falcón rompe uma longa hegemonia da Democracia Socialista (DS) no Ministério do Desenvolvimento Agrário. O domínio começou no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a indicação de Miguel Rossetto como ministro. Ao deixar o ministério, foi substituído por Guilherme Cassel.

Mulher do ex-presidente da CUT na Bahia, Péri Falcón, Maria Lúcia foi assessora econômica do sindicato dos petroleiros e químicos no Estado quando era presidido por Jaques Wagner.

Maria Lúcia é economista da UFSE, engenheira agrônoma e muito ligada ao governador. Implementou a modernização na gestão de Sergipe, em parceria com o Movimento Brasil competitivo, do empresário Jorge Gerdau. Ao mesmo tempo, tem ligação com os movimentos sociais do campo, como o MST. Em Sergipe, já implantou projetos em conjunto que envolvem desde a irrigação na região do semi-árido para pequenos produtores a pagamento de bolsa para os trabalhadores dos canaviais durante o período da entressafra.

Já Tereza Campelo é mulher do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira. É técnica, uma das responsáveis pelo acompanhamento das obras do PAC. Foi subchefe de Miriam Belchior na Secretaria de Articulação e Monitoramento da Casa Civil (SAM). Iniciou seus estudos na área social, mas nos últimos anos acabou especializando-se em bionergia e meio ambiente, sendo cogitada, inclusive, para substituir Izabella Teixeira no Ministério do Meio Ambiente.

Tereza vai substituir Márcia Lopes, uma das responsáveis pela fusão dos programas sociais no Bolsa Família e que contava com o apoio de grande parte da bancada feminina do PT. Além da proximidade de Dilma com Tereza Campelo, pesou contra Márcia Lopes o fato dela ser irmã do futuro secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.