Título: Planos incluem acordo com a Palestina
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 17/12/2010, Brasil, p. A4

A duas semanas de terminar, o governo Lula sugeriu e os demais sócios do Mercosul aprovaram ontem o aprofundamento das relações políticas com Cuba e a assinatura de um acordo-quadro de livre comércio com a Palestina - medidas que contemplam dois parceiros que estiveram no centro de controvérsias da política externa brasileira nos últimos oito anos.

O acordo com a Palestina apenas define as bases para o início de negociações para um tratado de livre comércio. Esse passo se dá poucos dias depois do reconhecimento, por Brasil e Argentina, do Estado palestino. O Mercosul já tem, em vigência, um acordo do gênero com Israel.

Também foi assinado o estabelecimento de um mecanismo de diálogo político e cooperação com Cuba, país com o qual Lula tem uma relação sentimental. "É importante para Cuba e para sua inserção no mundo", definiu o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Quando perguntado pelos jornalistas sobre sua atuação na pasta das Relações Exteriores, o ministro comentou que uma de suas principais frustrações, em oito anos de Itamaraty, foi a falta de acordo na Rodada Doha de liberalização comercial, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Me frustrou, em julho de 2008, quando nós estávamos muito perto de um acordo da Rodada de Doha e não concluímos. Porque eu, o presidente e o Brasil colocamos muito empenho nisso e poderia ter sido concluído com um pouquinho de boa vontade", afirmou o ministro.

À noite, foi a vez de o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva usar um tom de despedida, ao participar do encerramento da Cúpula Social do Mercosul. Para um público formado por sindicalistas, líderes estudantis e de movimentos sociais, o presidente fez um discurso em que atacou a ideia de formação da Alca [Área de Livre Comércio das Américas], enalteceu o Mercosul e saiu aclamado sob gritos de "olê, olê, olá, Lula, Lula". (DR)