Título: Varejo e serviços sustentam alta do emprego
Autor: Otoni, Luciana
Fonte: Valor Econômico, 17/12/2010, Brasil, p. A5

A geração líquida de 138 mil vagas de trabalho em novembro surpreendeu o setor privado, que calculava um arrefecimento em um mês tradicionalmente fraco na oferta de emprego. Alguns setores, como a construção civil e as indústrias alimentícias, mantiveram o padrão das demissões sazonais. No entanto, a expressiva contratação no comércio varejista e atacadista e no setor de serviço contrabalançou parcialmente essas perdas.

As estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostram que, nos últimos cinco anos, o resultado de novembro de 2010 perde apenas para o de igual mês de 2009 (247 mil vagas abertas), quando a economia brasileira mostrou reação positiva à crise financeira internacional. Em novembro de 2008, houve 41 mil demissões líquidas. Em igual mês de 2007, as admissões foram de 124 mil e em 2006, de 33 mil.

"As 138 mil vagas criadas no mês de novembro representam um número bastante bom, porque geralmente nos dois últimos meses do ano há baixa geração de emprego", lembra José Márcio Camargo, professor da PUC Rio e economista da OpusGestão de Recursos. Ele considera que o mercado de trabalho se manterá aquecido em consequência do dinamismo da demanda interna.

O relatório do departamento de economia do Bradescodestaca que o resultado do último mês surpreendeu. "A geração líquida de empregos formais foi positiva em 138,2 mil postos de trabalho em novembro, acima das expectativas do mercado, que calculava 125,7 mil". O Bradesco frisou que o ritmo de geração de vagas formais continuou sendo ditado pelo comércio e pelo setor de serviços.

A despeito do bom resultado de novembro, há sinais de que alguns segmentos começaram a fazer ajustes no número de trabalhadores, a fim de eliminar excesso de mão de obra. A readequação dos contratos de trabalho tende a se acentuar em dezembro e janeiro, em consequência da adaptação das empresas ao menor padrão de crescimento nos próximos meses.

Entre os segmentos que têm dispensado maior número de trabalhadores estão a construção civil, as indústrias alimentícia e têxtil e as empresas de borracha, de fumo e de couros. Em dezembro, alguns nichos do setor de serviços, como as empresas de ensino, eliminarão excessos e o comércio, tanto varejista como atacadista, se prepara para fazer adequações nas equipes, na avaliação do Ministério do Trabalho e doEmprego (MTE).

Com o desempenho do último mês, o saldo no ano atingiu 2,5 milhões de postos de trabalho com registro em carteira, resultado recorde, que praticamente atinge a meta estipulada para 2010.

Ainda assim, no consolidado dos 12 meses, essa meta pode não se manter. Como dezembro é tradicionalmente um mês de demissões líquidas, há um desconto a ser feito. Na média, há cerca de 300 mil demissões em dezembro.

Este ano, no entanto, o Ministério do Trabalho conta com um volume menor de dispensas, devido à expectativa de maior abertura de postos de trabalho nos segmentos de hotelaria e nas empresas vinculadas ao turismo.