Título: Dilma confirma Haddad, Izabella e Lupi e tenta conter apetite do PSB
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 17/12/2010, Politica, p. A6

A presidente eleita, Dilma Rousseff, anunciou ontem mais três nomes para compor o ministério de seu governo: Fernando Haddad (Educação), Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e Carlos Lupi (Trabalho), todos estavam no mesmo posto no governo Lula. Com a confirmação de mais três pastas, restam ainda 14 ministérios a terem titulares indicados oficialmente. Pelo menos por enquanto, Dilma adiou a decisão de criar o Ministério da Micro e Pequena Empresa, por falta de nomes viáveis para comandar a pasta. Dilma Rousseff e o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB) serão diplomados hoje pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em solenidade na justiça eleitoral.

Da lista de ministros divulgada ontem, havia duas incertezas, Fernando Haddad e Izabella Teixeira, por sinal dois dos pedidos feitos pelo presidente Lula para que esses ministros não fossem trocados. Ex-secretária-executiva do ministério durante a gestão de Carlos Minc, Izabella assumiu a pasta quando o petista desincompatibilizou-se para concorrer a deputado estadual pelo Rio de Janeiro.

Apesar do apoio do presidente Lula e do próprio Minc, Izabella enfrentava resistências do PT, por não ser filiada ao partido. Haddad é petista de carteirinha mas teve um desempenho criticado na Educação e o próprio partido queria a troca por outro nome. Lupi é presidente licenciado do PDT e não foi citado nenhum outro nome ou problema para sua recondução ao ministério do Trabalho.

Dilma ainda não conseguiu resolver o problema do PSB, o que pode acontecer ainda hoje ou durante o fim de semana. O partido quer três ministérios para compensar a entrada de Ciro Gomes no rol dos ministeriáveis. Caso contrário, ameaça não participar oficialmente do governo Dilma. O pedido, fechado em uma reunião na sede do partido na noite de quarta, foi entregue a um dos coordenadores da transição e futuro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Mas um integrante da equipe de transição acha que a demanda dificilmente será atendida.

O convite feito por Dilma Rousseff para que Ciro fosse ministro constrangeu o PSB e travou o ritmo de negociações do partido com a equipe de transição. O partido tinha direito a duas pastas: Integração Nacional e a Secretaria de Portos.

O primeiro nome escolhido foi Fernando Bezerra Coelho, secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e afilhado político do governador Eduardo Campos, presidente do PSB. Bezerra obteve o consenso dos seis governadores eleitos do partido. O segundo indicado era o ex-líder do partido na Câmara, Márcio França (SP), candidato apoiado pela bancada do partido no Congresso.

Com a chegada de Ciro, Márcio França perdeu o posto e instaurou-se a crise na bancada do partido no Congresso. Após solenidade na quarta-feira, no Palácio do Planalto, de avaliação dos oito anos de governo Lula, Eduardo Campos, o governador do Ceará, Cid Gomes e o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, se reuniram em um canto do Salão Oeste e tiveram uma conversa visivelmente tensa. Cid insistia que "existia um projeto do partido" que precisava ser seguido, enquanto Campos, impaciente, se mostrava nervoso.

Os três deixaram o local por volta das 14h30 e rumaram para a sede do partido. Nova rodada de negociações, desta vez com a presença dos líderes políticos do Congresso. Por volta das 21h eles deixaram o local com a demanda por uma terceira vaga e foram se reunir com Antonio Palocci.

Para diminuir um pouco a pressão, o partido não especificou qual seria esse terceiro ministério. Um integrante do partido confirmou que França deixou de ser unanimidade e que o nome do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) voltou a ser cotado para a terceira vga pleiteada. Albuquerque é mais próximo de Dilma, militaram juntos no Rio Grande do Sul, o que poderia facilitar na hora das negociações.

O partido também está inseguro sobre qual Ministério será ocupado por Ciro. Depois de concordar em ser ministro, e indicar que poderia voltar para o Ministério da Integração Nacional, o parlamentar começou a dizer a pessoas próximas que comandar a Secretaria de Portos e Aeroportos para combater o caos aéreo poderia ser um "grande desafio".