Título: Efeito IOF reduz fatia da dívida na mão de estrangeiro em novembro
Autor: Otoni, Luciana
Fonte: Valor Econômico, 21/12/2010, Finanças, p. C2
Os investidores estrangeiros não adquiriram títulos públicos federais em novembro, mantendo suas carteiras estáveis. Essa suspensão nas aquisições corresponde ao segundo mês consecutivo em que os não-residentes mantiveram uma parada técnica para decisões de compra dos papéis do governo brasileiro após a decisão do Ministério da Fazenda de elevar de 2% para 6% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas aplicações em renda fixa.
O Tesouro Nacional informou ontem que em novembro o volume de títulos públicos em poder dos investidores estrangeiros manteve-se em R$ 155,3 bilhões, o mesmo montante registrado em outubro. Esse total equivale a 10,03% do total da dívida pública em títulos federais. "Creditamos essa estabilidade à alta do IOF", afirmou Fernando Garrido, coordenador-geral de operações da dívida pública em títulos federais.
Garrido disse acreditar que os estrangeiros voltarão a se interessar pelos papéis brasileiros, embora tenha evitado especificar um tempo para isso. Ele informou que os não-residentes paralisaram as compras, mas, por outro lado, não se desfizeram de suas carteiras.
Em meio às consequências da elevação do IOF para os aplicadores em renda fixa, Garrido mantém a posição de que o investidor com perfil de longo prazo, a exemplo dos fundos de pensão, voltarão ao mercado dos títulos federais.
Ao apresentar os indicadores de novembro da dívida, Garrido afirmou que o mês de janeiro concentrará R$ 110 bilhões em vencimentos, correspondente ao maior volume de vencimentos de títulos previstos para 2011.
Ainda assim, o coordenador disse não haver pressão para emissões porque o Tesouro Nacional possui um colchão de liquidez em um montante estimado entre cinco e seis meses de vencimentos, margem que confere certo conforto na administração do passivo. "O Tesouro continua a não enfrentar problemas para financiar sua dívida", comentou Garrido.
Em novembro, o estoque da dívida pública em títulos federais atingiu R$ 1,574 trilhão, 1,43% acima do registrado em outubro. A alta decorreu da emissão líquida de R$ 6,2 bilhões e da incorporação de juros de R$ 16 bilhões.
A dívida de curto prazo a vencer em 12 meses passou de 23,53% em outubro para 24,21%, o equivalente a R 381,23 bilhões.
Em termos de composição, a participação dos títulos prefixados passou de 36,73% em outubro para 37,36% em novembro. A parcela da dívida indexada a índices de preços baixou de 28,37% para 28,08%. A parte atrelada à taxa Selic, decresceu de 33,32% para 33,08%.
Ao apresentar esses percentuais, Garrido antecipou que, conforme os resultados atingidos nos 11 meses do ano, a dívida cumprirá os parâmetros estipulados pelo Programa de Financiamento Anual (PAF).