Título: Bancos começam 2011 com apetite renovado
Autor: Cotias, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 22/12/2010, Finanças, p. C3

Ávidos por ganhar fatias num mercado dominado pela Caixa Econômica Federal, os bancos privados armam a sua artilharia para avançar no crédito imobiliário em 2011, sob a égide das novas regras que estimulam a securitização. Só que nesta briga vão encontrar uma outra instituição do governo, o Banco do Brasil(BB), com apetite e captação de folga para expandir os negócios nessa área.

Como entrou mais tarde no crédito imobiliário, o BB tem R$ 7 bilhões em recursos da poupança para aplicar no financiamento à construção e à aquisição de imóveis, segundo o vice-presidente de varejo e novos negócios, Paulo Caffarelli. Só neste ano, o banco desembolsou R$ 3 bilhões, sendo a quinta maior movimentação destinada à pessoa física, afirma. Até 2013, a intenção é estar entre os três maiores agentes financeiros do segmento, posições hoje ocupadas por Caixa, Itaúe Santander.

O Bradesco, que já superou em mais de 30% a meta de aplicar neste ano R$ 7 bilhões no crédito imobiliário, deve começar 2011 com um orçamento na casa de dois dígitos, segundo o diretor da área, Cláudio Borges e já trabalha com a hipótese de emitir Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) para girar a carteira. Neste ano, entre CRI adquiridos no mercado e de emissão própria, o banco totalizou R$ 1 bilhão. A ideia é ceder créditos que tenham prazo entre três e quatro anos.

Para Fernando Cruz, daBrazilian Securities, essa disposição para securitizar ativos deve se tornar rotina porque isso abre uma frente de reinvestimento importante para o setor. O Santander, que em 2007 fez uma emissão de CRI para testar uma saída para quando o recurso da poupança rarear, viu com bons olhos principalmente a isenção do imposto para o investidor estrangeiro aplicar em títulos privados longos. "Estou olhando duas jogadas à frente, porque, por enquanto estamos tranquilos com os recursos da poupança", diz o superintendente de negócios imobiliários, Fernando Baumeier O banco fechou setembro com uma carteira de R$ 6,1 bilhões, com evolução de 22,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Para 2011, o executivo espera que os bancos privados mantenham as torneiras abertas, ganhando participação relativa sobre a Caixa, o principal financiador. O banco federal, que dispõe de recursos do FGTS, já anunciou que parte de um orçamento de R$ 50 bilhões para aplicar no setor, mas que pode elevar essa quantia, segundo o superintendente da regional paulista, Valter Nunes. Para este ano, com o impulso do Minha Casa, Minha Vida, a previsão é liberar R$ 70 bilhões.